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Dívidas às Juntas preocupam oposição

Vereadores do PSD propuseram plano de emergência para Câmara da Guarda pagar dívidas às freguesias, mas maioria votou contra

Os vereadores do PSD propuseram, na última reunião do executivo guardense, um plano de emergência para pagamento das dívidas que a autarquia tem para com as Juntas de Freguesia, estimadas em mais de 2,5 milhões de euros. «Há casos de verdadeiro sufoco financeiro que está a impedir obras, a atrasar outras e a inviabilizar mais algumas», sustentou Ana Manso.

A vereadora acusou a maioria socialista de «olhar para o lado» nesta matéria, temendo que as situações conhecidas possam ser «a ponta do iceberg». «É provável que haja outras obras em curso que estão a ser atrasadas porque não se assumem os pagamentos», alertou. Nesse sentido, Ana Manso defendeu que o plano envolva os montantes relativos «às obras já executadas e cujos pagamentos estão suspensos». Por sua vez, José Gomes acrescentou que «por falta de pagamentos da Câmara, muitas Juntas foram obrigadas a pagar com receitas próprias obras feitas há quatro ou cinco anos, o que as impede de começar novas empreitadas». No entanto, «em todas as reuniões, continuamos a aprovar protocolos com as Juntas, sabendo que protocolos antigos ainda não estão liquidados», lamenta o vereador. Para sustentar este pedido, os social-democratas aludiram aos casos de Ramela, Benespera ou Pega, «mas há mais», garantiu Ana Manso.

Apesar disso, a maioria recusou a proposta, lembrando o plano de pagamentos acordado há meio ano com as Juntas. «Mas admito que nem sempre o conseguimos cumprir, porque os nossos encargos, em função das receitas, não nos disponibilizam as verbas necessárias para tal», confirmou Joaquim Valente. O presidente do município esclareceu que os pedidos «mais urgentes e prioritários» têm sido correspondidos, mas acrescentou que o objectivo até final do mandato é «executar as obras protocoladas e não assumir novos encargos». De resto, lembrou que o problema não é de agora: «Há protocolos que vêm de 1999, 2000 e por aí fora, são obras que se arrastam no tempo e que tentamos resolver de acordo com as necessidades das populações, das Juntas e com as nossas disponibilidades financeiras», afirmou.

O autarca esclareceu ainda por que é que o município não aderiu ao programa “Pagar a tempo e horas”, lançado recentemente pelo Governo. Tudo está dependente de uma informação solicitada à Direcção-Geral das Autarquias Locais (DGAL) pelo facto das Câmaras mais endividadas não poderem contrair novos financiamentos. «Se o que está na lei é o entendimento que temos, até nos parece um pouco absurdo, porque, quem mais precisa, não tem essa possibilidade», disse. Aos jornalistas, Joaquim Valente anunciou também que vai reunir com o secretário de Estado da Economia esta semana para «reflectir o que podemos fazer para amenizar os problemas laborais verificados nas empresas têxteis dos Trinta e na Delphi».

Luis Martins

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