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Discrepâncias

Bilhete Postal

Uma característica da mediocridade é a exigência fora das balizas da sua própria existência. A mediocridade tem a cegueira da ignorância, tem o despudor da imoralidade, tem a pouca vergonha da incultura. Um ignorante exige aos outros muito mais do que é capaz de realizar, pede o que não necessita, é fixado em horários mais do que em trabalho, prefere tempo a objectivos. Os medíocres espezinham, apoucam, espremem até correr sangue no lugar das lágrimas. A mediocridade está próxima do assédio, é prima do abuso, é filha da puta. A mediocridade é um modo de estar incorrigível, porque é globo parolo a correr no sangue. A mediocridade é um percurso de infinita estupidez no lugar de comando. Escolhe o mais caro onde necessita nada, escolhe o mais burro onde precisava de luz, protege o preguiçoso para não enfrentar o crítico. A mediocridade é um lençol que nos cobre a existência se temos medo, se temos dívida, se temos favores, se temos lugares de que não somos capazes. Tudo o que pedimos indevidamente e nos dão, tem o preço alto destas notas onde a cara mais visível é ela – a mãe da mediocridade.

Por: Diogo Cabrita

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