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Dinheiro

O motor da vida é o Oxigénio e o motor da sociedade contemporânea é o dinheiro. Há aqui um fator de enorme importância para refletir pois a dependência de um vetor único condiciona uma morte sempre adstrita ao mesmo princípio. As pessoas e, em geral, todos os seres vivos (há umas bactérias excecionais que sobrevivem na máxima adversidade) morrem se a fonte de Oxigénio é cortada. Morrem porque não podem produzir energia vital, morrem porque o dióxido de carbono é mortal, morrem porque fecham o mecanismo de transação (a barreira hemato/capilar). E a sociedade sem dinheiro colapsa porquê? Porque a moeda é o valor transacionável onde valorizamos os objetos, com que pagamos favores e trabalho, onde majoramos o subjetivo (a arte, a cultura, a ciência, por exemplo) e deste modo temos um meio simples e eficaz de gerar movimento de mercadorias, trabalho e conhecimento. A moeda torna-se pois o ATP (a forma energética mínima) da vida social. Se assim é, o que leva a moeda euro a ser mais importante que o dracma? Há oxigénios melhores que outros? Há é lugares onde o Oxigénio não abunda e a vida é mais difícil, como nas altas montanhas ou em cidades muito poluídas. Mas a moeda pode ser gerada por máquina e por essa razão o dracma pode ser multiplicado ficando com valor menos credível (ajustado por inflação). Então é uma catástrofe o surgimento do dracma na Grécia de 2013? Ou o escudo regressar em 2014? Não há tragédia, mas há uma readaptação sobretudo porque a fronteira se fecha. Mas nós geramos produtos suficientes para a nossa existência? Evidentemente que sim, mais umas coisas que outras, mas a alimentação é filha das adversidades ou nunca tínhamos comido a tripa de porco e os caracóis. Sou dos que não acredita que a saída do euro se converta em algo mais trágico que a destruição da classe média. Portugal caminha para a situação grega com um ano de atraso e poderemos ver os efeitos destas políticas em breve.

Por: Diogo Cabrita

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