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Dez anos de incêndios assustadores na Guarda e Castelo Branco

Segundo dados da DGF, arderam nos últimos dez anos 297 mil hectares de área florestal nos dois distritos, dos quais 88 mil foram consumidos só este ano

O número de incêndios e de área ardida nos últimos 10 anos nos distrito da Guarda e Castelo Branco é assustador. A Direcção Geral de Florestas (DGF) contabilizou desde o início do ano, e até à última sexta-feira, 330 mil hectares de floresta consumidos pelas chamas em todo o país. Mas estes dados provisórios relativos a 2003 são também devastadores nos distritos da Guarda e Castelo Branco, já que o primeiro viu arder 33 por cento da sua área e qualquer coisa como mais de 23 mil hectares de florestas. No segundo caso foram destruídos 75 por cento da área do distrito, contabilizando-se mais de 65 mil hectares de floresta queimada, números que fazem de Castelo Branco o concelho mais afectado pelos incêndios este Verão. No total, e segundo a DGF, a Beira Interior foi a região mais atingida desde o início do ano, tendo ardido mais de 93 mil hectares de floresta. Um cenário desolador que vem juntar-se a uma década catastrófica. Entre 1993 e 2002 foram registados pela DGF da Beira Interior um total de 14.202 incêndios, dos quais resultaram um total de cerca de 209 mil hectares de área florestal ardida no distrito da Guarda. Os concelhos com maior número de incêndios nos últimos nove anos foram Gouveia (2.330 fogos), seguido de Seia (1.954) e Guarda (1.799). Nesse período, o concelho de Manteigas foi o que registou menor número de ocorrências com apenas 132 fogos, sendo também aquele com menor área ardida (cerca de 800 hectares), seguido de Fornos de Algodres (632), e uma área ardida de nove mil hectares, e Almeida (664). Em sentido contrário, o Sabugal (mais de 35 mil hectares de floresta), a Guarda (cerca de 32 mil hectares) e Seia (mais de 22 mil) foram os concelhos com maior área ardida na última década. 1998 foi o ano mais problemático em termos de incêndios no distrito da Guarda, onde foram registados 1.849 fogos. No entanto, as consequências mais graves ocorreram em 1994, quando arderam cerca de 38 mil hectares, um recorde de área florestal ardida que poderá ser ultrapassado este Verão.

Em igual período, o distrito de Castelo Branco registou 7.027 incêndios e mais de 93 mil hectares de mato e florestas consumidos. O concelho da Covilhã foi o mais atingido nos últimos nove anos, com 1.920 incêndios e quase 20 mil hectares de área florestal consumida pelas chamas. O Fundão registou, no mesmo espaço de tempo, cerca de 10 mil hectares de floresta ardida em 1.754 fogos. Inversamente, Penamacor foi um dos concelhos menos atingidos, tendo-se registado “apenas” 662 incêndios e cerca de 3.500 hectares de área ardida, enquanto Belmonte sofreu o menor número de incêndios nos últimos nove anos (361) do distrito de Castelo Branco, que consumiram um pouco mais de três mil hectares de floresta. Em 1995 ocorreram 1.115 fogos, tendo sido considerado o ano com mais registos de incêndios neste distrito. Já 2002 foi o ano de maior área ardida em Castelo Branco, com mais de 19 mil hectares de floresta destruídos. No entanto, estes dados já foram ultrapassados em poucas semanas de 2003, ano que vai deixar sequelas duradouras no mapa florestal do país e da Beira Interior. Até ao momento, e só em 2003, arderam 471 mil hectares de florestas, matos, áreas agrícolas e urbanas em todo o país, segundo estimativas calculadas por técnicos do Instituto Superior de Agronomia através de imagens fornecidas por um satélite da NASA.

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