Nos anos 50 parece que houve experiências de enorme barbaridade sobre animais que nada ficam a dever às que, ao longo da história, fomos fazendo aos humanos. Naquelas experiências estudou-se a aprendizagem da desesperança, que vai muito além da depressão. Os animais perdiam a noção de uma escapatória e, portanto, aprendiam que existia um sofrimento gratuito para o qual nada era solução. Urinavam-se antes mesmo do sofrimento. Hoje, entre os homens há a percepção de um estado de desesperança que inunda os cidadãos. Se trabalho todos os dias e não consigo fazer frente às minhas contas, se cumpro os meus deveres, se não nego esforço e nunca me sinto recompensado, nem capaz de despir os sofrimentos, instala-se um estado de desventura, um vício negativo de raciocínio que pode não ter solução. Esta desesperança é aquilo que hoje parece invadir muitos portugueses, que, com salários ínfimos, mas acima daquilo que o Governo estipula ser o suficiente, se encontram à beira de pagar taxas de saúde, portagens de auto-estrada, contas de água e luz a subir, gasolina incomportável, início do ano escolar e, sobretudo, propinas e rendas para os filhos estudarem. O patamar de 800 euros mensais é o lugar do perigo. Os muito pobres talvez encontrem um assistente social competente que os proteja, mas acima disto o destino é pagar para as instituições que todos os dias nos roubam e delapidam. A desesperança é uma catástrofe para a família e os seus valores e exemplos correntes.
Por: Diogo Cabrita