A administradora da insolvência da ARL Construções participou à PSP o desaparecimento de «muitos bens» da empresa, nomeadamente computadores, máquinas e camiões, que não constam do inventário da massa insolvente por não ter sido possível apurar o seu paradeiro. De resto, a tarefa de Maria do Céu Carrinho não está a ser fácil, pois também o acesso à contabilidade da construtora está bloqueado por faltar a pen de ligação ao programa no servidor.
«Há apenas duas frações urbanas em Celorico da Beira para venda, algum equipamento que os trabalhadores foram recolhendo para as instalações e automóveis», declarou a responsável na primeira sessão da Assembleia de Credores da ARL, realizada segunda-feira no Tribunal de Celorico da Beira. Funcionários e fornecedores encheram a sala de audiência para assistir ao princípio do fim do grupo criado por António Rodrigues Leão na década de 70. O primeiro passo foi o encerramento e liquidação da ARL Construções, aprovados pelos credores por unanimidade. A justificação foi apresentada por Maria do Céu Carrinho: «A empresa não tem possibilidade de retomar a atividade, pois não tem dinheiro para pagar salários, nem para adquirir materiais e combustíveis», disse. O segundo passo será requerer a insolvência da ARL Imobiliária, procedimento que poderá partir do Ministério Público ou, em última instância, da massa insolvente «caso o MP não a requeira no prazo de 30 dias».
Nesta sessão ficou também a saber-se que a Caixa Geral de Depósitos é o principal credor da construtora, reclamando créditos superiores a 5,4 milhões de euros. Além disso, há ainda uma hipoteca a favor da Caixa Leasing & Factoring sobre o pavilhão existente no parque industrial da Guarda. A Inoxgeral é o segundo maior credor, com cerca de 319 mil euros, mas a lista ainda não está fechada, conforme referiu a administradora da insolvência. Na segunda-feira a CGD disse ser ainda credora de 3,4 milhões na ARL Construções, cujo património parecia ser a última esperança para muitos dos credores recuperar dinheiro. Foi por isso com surpresa que a maioria dos presentes ficou a saber que a imobiliária está praticamente nas mãos do banco. A Assembleia, onde a insolvente não se fez representar, deliberou ainda eleger a Comissão de Credores, que é formada pela CGD, um representante dos trabalhadores e as empresas Inoxgeral, Correia Ribeiro e Matos & Prata.
Luis Martins
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