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Desafios Eleitorais

Crónica Política

O ano de 2009 é o ano de todas as decisões eleitorais. São três actos eleitorais e a sua marcação, em dois dos casos já alimenta polémica. Num ano marcado pela confrangedora situação económica não vai ser muito fácil desafiar os cidadãos a participar activamente nos 3 momentos eleitorais. Há uma descrença generalizada dos cidadãos em toda a arquitectura do regime democrático. Das autarquias, ao poder central e obviamente ao verdadeiro e cada vez mais efectivo governo europeu.

Ainda que não nos demos conta é cada vez mais a Europa que polariza e decide do nosso dia-a-dia. E provavelmente será o acto eleitoral em que os Partidos concorrentes terão mais dificuldade em captar a participação dos cidadãos e, assim, a própria escolha dos principais candidatos vai assumir especial relevância de modo a obterem uma resposta menos negativa dos cidadãos. Não é muito difícil apercebermo-nos da dimensão dos apoios comunitários mesmo na nossa área geográfica. As vias de comunicação, as principais infraestrutura empresariais, culturais, desportivas e sociais não seriam possíveis se não fossem os três Quadros Comunitários de apoio. É certo que ajudando a alterar o paradigma de vida dos portugueses trouxe a descaracterização de sector agrícola, do próprio tecido individual… mas ninguém pode dizer que a par de todas as vontades nacionais não fossem os mecanismos de apoio da EU e ainda hoje Portugal não passaria de uma sociedade demasiadamente marcada pelo sector primário.

Quanto ao IV QCA, designado por QREN, este governo decidiu poupá-lo para em 2009 fazer todo o foguetório pré-eleitoral. O QREN já devia ter entrado em pleno no pretérito dia 01 de Janeiro de 2007…

Nos outros dois actos eleitorais o frenesim não tardará. A apresentação dos candidatos aos municípios, a escolha dos deputados e as propostas dos partidos para a governação nacional vão tomar conta da realidade mediática.

O ano começou já com um grande passo do Primeiro-Ministro, adiou o debate com a principal líder da oposição e, na entrevista, desdisse tudo o que vem dizendo, fazendo ancorar as falhas na crise internacional e hipervalorizando os supostos feitos. Objectivamente o Primeiro-Ministro já percebeu que o tempo do fecho de contas de uma legislatura aproxima-se e, que o mesmo, no confronto com outros que antecederam com muito menos tempo e com baterias sempre na mira, não lhe será de todo assim tão favorável mesmo na esfera da economia face ao tempo e ao quadro mediático em que sempre se movimentou, permitiram ou se soube movimentar.

Afinal o senhor que acusava e verberava os que andariam apenas a arrastar os pés vai a votos sem curtar a fita do novo/hospital/ novo da Guarda. No limite virá cortar a fita ao estaleiro ou quiçá vem assinar mais uma acta que depois irá para D.R. a abrir o concurso… Faz-me recordar a ideia governamental da A14 de 1995 em alternativa à actual A25.. Realmente o nosso divertido PS local tem-nos tentado impingir muitas papas e bolos!

Bem mais importante do que o salto acrobático e ilusionista do Primeiro-Ministro foi a apreciação de um jornalista a propósito das obras no interior. Em sua opinião são desnecessárias, eleitorais e não se reproduz o investimento que vai ainda ser efectuado…

Felizmente por experiências anteriores não me surpreendi com este discurso. Aliás ele está contido na matriz originalíssima deste governo. Usa e abusa das novas tecnologias mas esquece-se depois da consequência efectiva que era mudar, por exemplo, alguns serviços centrais para o interior de Portugal já que a informática dá em todos os lados. Mas não, reduz os serviços, retira competências e logo no início do ano de 2009 mais um serviço vai ser decapitado na cidade da Guarda. O INATEL vai ficar sem Delegado Distrital para passar a ter não se sabe bem o quê. Para domesticar os tolos a nós vão dar mais alguns apoios financeiros e assim nos calarem para depois complicarem ainda mais a vida às associações e outras actividades definhando a intervenção do serviço no nosso distrito e a vontade de participar dos cidadãos.

Mas a esse jornalista como ao governo o que claramente devemos dizer e até um movimento nacional era importante ser dinamizado contra a febre empreiteira no que se refere à construção de um novo aeroporto, a linha TGV e mesmo da terceira travessia rodoviária do rio Tejo em Lisboa.

Quem precisa infraestrutura aeroportuária somos nós e não a cidade capital por paradoxal e até demagógica que se possa pressentir nesta afirmação. Em suma, a entrevista do Primeiro-Ministro apenas serviu para cada vez mais saldar a sua imagem de obstinado e a fervilhar de ideias e projectos que agora não é a oposição que não o deixa fazer mas parece que é todo o mundo…e volta a pedir a maioria absoluta objectivamente em nome de quê?

Nós por cá e para o início do ano tivemos a visita de um estupendo manto branco mas com ele também a sensação de uma certa desprotecção. A falta efectiva de equipamentos e de uma melhor organização e gestão dos recursos humanos confunde qualquer cidadão por mais leigo que seja quando observa a profissionalização / funcionalização de alguns serviços com boas viaturas de transporte e condições para o exercício dos cargos de liderança razoáveis no quadro do funcionalismo público português. Sinceramente não me parece totalmente aceitável, tendo ainda por referência as informações meteorológicas, que na cidade e arredores e, ai particularmente as duas auto-estradas possam ter estado intransitáveis. Não podemos aceitar que o distrito estando cada vez mais próximo com a melhoria efectiva das estradas conheça estas situações de isolamento nas vias principais.

De ausências ou intermitências comunicacionais continuamos nós a aguardar o desfecho da temática PLIE que cada é vez mais propriedade de um de uma só pessoa e vem confirmar que grandes projectos na Guarda com o poder que se tem perpetuado no governo local no mínimo não progridem, ou progridem lentamente ou perdem a validade para continuar a anestesiar a população de quatro em quatro anos em nome de um doentio sistema de funcionalização pura e simples dos actores eleitos para o governo local.

Por: João Prata *

* presidente da concelhia da Guarda do PSD

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