O principal desafio exploratório da ciência, na primeira metade do século XXI, será tentar encontrar evidências firmes da existência ou não de vida extraterrestre. Esta pesquisa passa não só pela investigação ao nível espacial, mas também por compreender como surgiu vida no nosso planeta. Isto porque deste modo, podemos verificar, mesmo sem evidências, a plausibilidade do aparecimento de uma forma básica de vida.
Quando se referem formas básicas de vida, não estamos a incluir seres que possamos considerar inteligentes, isto é, não estamos a procurar Extraterrestres como o filme de ficção científica realizado por Steven Spielberg, em 1977, com o título original Close Encounters of the Third Kind (Encontros imediatos do terceiro grau).
Todas as especulações associadas a esta ideia de existência de vida fora do nosso planeta são um desafio que ficará menos intimidante se olharmos para o que foi feito ao longo do século passado, uma vez que os limites ultrapassados pela ciência são um farol importante para encontrar os caminhos do futuro.
Há 100 anos, o brilho que as estrelas emitiam era uma incógnita para os astrónomos, além disso, não tínhamos qualquer ideia sobre o que estava para além da Via Láctea, a qual era aliás tida como um sistema estacionário. Nas últimas três décadas, sondas espaciais enviaram-nos imagens de todos os planetas do nosso sistema solar e telescópios gigantes permitiriam aos astrónomos olhar muito mais longe no espaço do que era possível anteriormente. O nosso panorama cósmico estende-se milhões de vezes para além do que conseguimos observar, apesar de desta vastidão de milhões de quilómetros, apenas no primeiro milissegundo da expansão cósmica e no interior dos buracos negros é que enfrentamos condições em que desconhecemos os fenómenos físicos.
Esta ideia de olhar para a evolução histórica da ciência é muitas vezes esquecida por quem a produz, contudo, não deixa de ser curioso que a melhor invenção científica do todos os tempos, eleita pelos cidadãos, tenha sido um objecto construído no século XIX – a máquina de Raio-X.
Criado em 1895, este aparelho ganhou uma votação promovida pelo Museu de Ciências de Londres, para a invenção científica mais importante. A máquina de Raio-X obteve dez mil dos 50 mil votos que o museu recebeu nesta eleição que propunha aos eleitores reflectirem sobre o impacto das invenções ao longo dos tempos.
Este mecanismo revolucionou a Medicina, no sentido de ter possibilitado a visualização do interior do corpo humano, sem para que isso fosse necessário abri-lo. Esta tecnologia procura avançar no sentido de chegar à era do paciente transparente. A eleição da máquina de Raio-X reflecte a importância que os temas de saúde têm nos cidadãos.
Todo este olhar o passado, com os seus saltos qualitativos e quantitativos, serve para olharmos para o futuro, com uma entidade em constante mudança, e para a qual não podemos prever a sua evolução.
Por: António Costa