O PSD acusou, na última segunda-feira, o Governo, liderado por José Sócrates, de se preparar para encerrar a maternidade dos hospitais de Castelo Branco e da Guarda, criticando o primeiro-ministro de tomar «medidas autistas».
Os deputados social-democratas admitiram que um estudo elaborado pela Comissão de Nacional de Saúde Materna e Neonatal, presidida por Albino Aroso, considerava que «se devia ponderar essa possibilidade [de encerramento]», mas que o Governo anterior entendeu de forma diferente. «Essa decisão não foi tomada. O Governo da altura foi sensível às nossas posições e tomou a decisão justa e séria, não encerrando nenhuma maternidade», recordou Ana Manso, sublinhando a diferença entre os estudos técnicos e a decisão política. De resto, a também líder distrital do PSD da Guarda garantiu ainda ter obtido na altura a garantia, junto do então ministro da Saúde, de que as maternidades da Beira Interior não iriam encerrar. Na conferência de imprensa, realizada no início da semana, o deputado social-democrata por Castelo Branco, Ribeiro Cristóvão divulgou um requerimento enviado em Março de 2004 ao então ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, pelos deputados José Sócrates e Fernando Serrasqueiro, actualmente primeiro-ministro e secretário de Estado do Comércio, sobre a alegada intenção de encerrar maternidades no distrito de Castelo Branco, documento que considerou de «bases pouco sérias».
No requerimento, Sócrates e Serrasqueiro, na altura deputados por Castelo Branco, alegam que com o fecho das maternidades da Guarda, Covilhã e Castelo Branco as mais próximas passariam a ser as de Ciudad Rodrigo e Cáceres, ambas em Espanha, ou, no caso de Castelo Branco, «Portalegre ou Abrantes (se ainda tiverem)». E consideram que, a concretizar-se a hipótese do fecho, ficariam os distritos de Castelo Branco e Guarda sem qualquer maternidade, classificando a situação de «incompreensível, não só do ponto de vista de uma adequada política de combate à desertificação, como as distâncias a percorrer, as vias de acesso a utilizar» ou os transportes existentes. Ribeiro Cristóvão disse ainda «temer que o facto do encerramento das duas maternidades esteja consumado, faltando apenas o seu anúncio público». O deputado questionou como poderão os distritos de Castelo Branco e Guarda partilhar o mesmo serviço de maternidade «quando as localidades mais afastadas de ambos os distritos distam mais de 200 quilómetros», questionou.