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Défice de Inteligência

Ainda não é claro se a eliminação dos feriados civis de 5 de Outubro e 1° de Dezembro é ou não permanente. A Igreja Católica já fez saber que os feriados religiosos agora eliminados irão ser repostos dentro de cinco anos, mas o governo não esclarece se será feito o mesmo com os civis. Acreditemos que sim, que dentro de algum tempo, por exemplo em 2014, o Estado se possa financiar novamente e deixe de precisar de empréstimos da Troika e que, pouco depois, já com a economia a bom ritmo, se possam devolver aos portugueses os feriados em falta.

Se considerarmos que por cada ano civil apenas 250 dias são de trabalho efectivo, e que é nesses dias que é produzida a maior parte parte da riqueza do país, parece óbvio que se acrescentarmos quatro dias àquele número irá haver mais riqueza e o PIB irá aumentar um por cento (considerando 250 dias de trabalho por ano). Isso seria duplamente bom: significaria um pequeno reforço da nossa economia e uma pequena diminuição do défice das contas públicas, uma vez que este é calculado em percentagem do PIB.

Na realidade as coisas são um pouco mais complicadas, já que a diminuição do número de feriados é prejudicial por exemplo à hotelaria, de que depende boa parte do produto, ou porque mais do que um problema de oferta a nossa economia tem um problema de procura. Mesmo assim, consideradas todas as objecções, dêmos de barato que se houver menos feriados se irá trabalhar mais e isso é bom.

É por isso incompreensível que se tenha optado pelo feriado do cinco de Outubro, que cai a um sábado em 2013 e a um domingo em 2014(!), os dois anos supostamente críticos para a nossa economia e as nossas finanças. O feriado do primeiro de Dezembro, por sua vez, cai num domingo em 2013. Significa isto que essa medida de supressão de feriados é pouco menos do que irrelevante onde seria suposto ajudar alguma coisa e que, se algum efeito teve, foi o de irritar e ofender inutilmente os portugueses.

Mas é relevante para demonstrar, mais uma vez, a pouca inteligência de quem nos governa.

Por: António Ferreira

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