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Defesa da actividade marca Festa do Queijo Serra da Estrela

Fornos de Algodres inaugurou domingo ciclo de certames na região

A defesa da dignificação da actividade do pastor e das queijeiras marcou domingo a Festa do Queijo Serra da Estrela, que decorreu em Fornos de Algodres por iniciativa da autarquia local. O presidente do município, José Miranda, salientou que uma terça parte dos cerca de 200 pastores e produtores de queijo do concelho ainda fabricam o produto, que considerou ser um «”ex- libris”» do concelho, mas sublinhou que cerca de 25 por cento dos produtores vendem o leite a fábricas de lacticínios.

Contudo, cerca de metade dos pastores possuem queijeiras licenciadas, realçando o autarca o papel do Gabinete Municipal de Apoio ao sector, que foi constituído «quando o Estado deixou de apoiar esta área e a Câmara Municipal se lhe substituiu». Em Fornos há ainda 145 produtores, 73 dos quais com queijarias certificadas, que fabricam, por ano, cerca de 150 toneladas de queijo e 50 de requeijão. O que, para José Miranda, «representa muito dinheiro», enaltecendo, por outro lado, que «trabalhar na produção do queijo Serra da Estrela é tão digno como ser professor», pelo que defendeu a criação de condições sociais e económicas que «não envergonhem os mais novos nesta área social e económica», que definiu como rentável e importante para Fornos de Algodres e a região. Presente no certame, o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Bianchi de Aguiar, assinou dois protocolos, um referente à construção de uma barragem para regadio e outro para apoio ao sector agro-pecuário, designadamente a ovinicultura. O governante apelou para que os agricultores aproveitem os fundos comunitários de incentivo ao sector agro-pecuário, à sua organização e modernização, salientando a importância do Queijo Serra da Estrela, a par do Vinho do Porto, como produto de origem e qualidade determinada e a sua contemplação na negociação da nova Política Agrícola Comum (PAC) na União Europeia.

José Miranda aproveitou ainda a oportunidade para apelar ao apoio do Governo para o sector florestal no concelho, que definiu como uma «parcela importante da economia regional, a par do ambiente». A Festa do Queijo Serra da Estrela em Fornos de Algodres iniciou o ciclo de festividades dedicadas anualmente a este produto na zona demarcada de produção, estando previstos idênticos certames em Penalva do Castelo (6 de Fevereiro), Aguiar da Beira (11), Celorico da Beira (20), Seia (21), Gouveia (22) e Manteigas (23). Contudo, o primeiro certame da época ficou já marcado por algumas denúncias de produtores locais quanto a uma eventual especulação de preços na comercialização do queijo da serra. Na feira de Fornos de Algodres, o preço por quilo oscilou entre os 12 e os 16 euros, mas muitos dos seus fabricantes queixaram-se do circuito comercial não ser eficaz devido à especulação dos intermediários. Um cenário que não potencia as vendas e trava o escoamento e a promoção do produto. Porta-voz dos receios dos produtores fornenses, José Pina Gomes, do Serviço de Desenvolvimento Rural da autarquia, garante que a comercialização é «um dos grandes problemas que afecta os produtores de queijo. É necessário um circuito mais eficiente, que traga segurança, motivação e mais valias aos produtores».

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