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Defender vidas volta a ser prioridade na época de incêndios

Secretário de Estado da Administração Interna apelou aos operacionais para «deixarem arder» se estiver em risco a sua vida

O combate aos fogos florestais no distrito da Guarda vai contar com um dispositivo semelhante ao do ano passado, com três helicópteros, 151 veículos e 597 operacionais.

O anúncio foi feito pelo comandante distrital de Operações de Socorro (CODIS), António Fonseca, na apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) realizada na quinta-feira, na Guarda, e onde o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, marcou presença. «O distrito da Guarda tem um risco muito elevado de fogos florestais», realçou António Fonseca, para quem o combate aos incêndios deve começar pela «mudança de comportamento das pessoas». Se até ao início do século XXI se assistia a uma variação cíclica e quase previsível deste tipo de ocorrências, o responsável sublinhou que a partir de 2005 «verificamos uma alteração e essa evolução deixa de ser tão regular». António Fonseca assegurou ainda que têm sido introduzidas algumas melhorias «em termos de organização e de modelo de funcionamento», mas também se tem assistido à articulação entre os diversos parceiros envolvidos no DECIF: «Já não há aquela coisa de que cada um veste a sua camisola. Todos os operacionais, sejam sapadores, bombeiros ou GNR, já trabalham de uma maneira mais integrada e isso é fundamental para se conseguirem ganhos de produtividade e de eficiência», considerou o comandante.

Quanto à campanha deste ano, António Fonseca destaca que os objetivos são «dominar os incêndios na fase inicial, limitar os desenvolvimentos catastróficos e concluir sem vítimas». O objetivo de mortes zero é partilhado pelo Governo, com o secretário de Estado da Administração Interna a afirmar que «queremos mortes zero, logo a começar pelos nossos operacionais. Queremos que vão para o terreno, mas que regressem a casa exatamente da mesma forma como saíram», enfatizou o governante, apelando aos bombeiros para que não coloquem a vida em causa: «Se estão a pôr a vida em causa, deixem arder. Nada paga uma vida. É um trauma não só para as famílias, mas para a própria sociedade», rematou Jorge Gomes.

O secretário de Estado sublinhou que 2017 é um «ano atípico» e que, comparando com o mesmo período do ano passado, o número de ignições e os hectares de área ardida são muito superiores: «Em 2016, a 7 de maio, registámos 886 ignições e já tinham ardido 1.203 hectares. Este ano, no mesmo período, temos 4.848 ignições. Ou seja, conseguimos multiplicar por seis o que aconteceu no ano passado e passámos para 13.005 hectares de área ardida», destacou o governante. Uma subida que também se sentiu no distrito da Guarda, passando de 105 para 873 hectares de área ardida e de 16 ignições para 129, e que, segundo Jorge Gomes, fica a dever-se «a um ano em que tivemos uma severidade bastante forte, não tivemos chuva e temos muita matéria combustível».

O secretário de Estado da Administração Interna apresentou ainda as novidades no DECIF deste ano, como a disponibilização de um helicóptero exclusivo para a coordenação dos incêndios e a introdução de um “kit alimentar” para todos os operacionais destinado às primeiras 24 horas. Outra alteração é a ida de 1.350 militares do Exército para o terreno para o trabalho de rescaldo e vigilância: «Esta medida será fundamental e permitirá libertar os bombeiros, nem que seja para descansar», disse Jorge Gomes.

Jorge Gomes sublinhou que «Portugal sem fogos depende de todos nós»

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