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Declarações de Jorge Mendes e João Brás causam indignação no Fundão

Vice-presidente da Câmara e Dias Rocha criticam os dois professores, enquanto que Valter Lemos garante a criação de valências distintas da Escola de Seia

«É lamentável que gestores de um órgão de ensino tenham este tipo de comentários. Deveriam ter mais ponderação na avaliação que fazem». É desta forma que o vice-presidente da Câmara do Fundão, Carlos São Martinho, reage às declarações proferidas pelo presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Jorge Mendes, e do director da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia, João Brás, acerca da possível criação da Escola Superior de Turismo no Fundão.

Confrontado por “O Interior”, Carlos São Martinho disse mesmo que os termos utilizados por aqueles responsáveis não parecem «ser os mais correctos» para quem ocupa cargos pedagógicos e vai mais longe ao dizer que «se mantiverem este tipo de opinião, não deviam então estar nas cadeiras que ocupam», crítica. «É este género de pensamentos e de afirmações que mantêm o interior no estado em que está», atira, acrescentando ainda que «não há razões para esta rivalidade» pois as valências da Escola de Turismo a criar no Fundão serão «distintas» das de Seia. Para o autarca, há mercado suficiente para as duas escolas visto que o turismo tem sido «uma indústria a crescer a um ritmo extraordinário» nos últimos tempos e Portugal apresenta um «défice» neste domínio. «Quanto mais formação tivermos, mais preparados estaremos para suprir este desafio», sublinha, defendendo ainda a criação de «sinergias» entre as duas escolas. Não encontrando argumentos que sustentem aquelas reacções, o vice-presidente da autarquia fundanense considera que as declarações revelam apenas «medo da concorrência». «E se assim é, então é porque não estão preparados para a função que ocupam», critica.

O administrador executivo da Empresa Municipal “Fundão Turismo” também lamentou as declarações, confessando que «não faz sentido a rivalidade». «Fala-se em turismo em toda a região e não há quadros qualificados. Porque não criar mais uma escola?», questiona Dias Rocha. «É algo que faz falta e, como cidadão, vejo com bons olhos o aparecimento desta escola», acrescenta, considerando ser um «valor acrescentado» para o Fundão, concelho que tem apostado no turismo como um factor de desenvolvimento. Já o presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, instituição que agregará a nova escola, não quis tecer comentários ao teor das declarações, por também ter «dúvidas» sobre a criação de algumas escolas que foram anunciadas pelo Ministério, como a que irá ser criada em Vila de Rei pelo Politécnico de Santarém. «A criação das escolas é da responsabilidade do Governo», relembra Valter Lemos, para quem a Escola Superior de Turismo não pode ser entendida como «uma afronta para o IPG» pois «o problema não é das instituições, mas do Governo». E apesar de não esperar a criação desta escola para já – mesmo estando inscrita no plano de desenvolvimento do IPCB há alguns anos – Valter Lemos garante que irá «tentar que haja complementaridade com o que já existe nas outras instituições, de forma a não entrar numa competitividade estéril». «Tenho um grupo de trabalho a estudar as formações existentes em Seia e que terá ainda em consideração as áreas incluídas no plano de desenvolvimento daquela escola», adianta o presidente do IPCB, afirmando que tem estado a conversar com o presidente do IPG sobre a possibilidade de «articular» as duas escolas. «Da parte do IPCB há abertura e disponibilidade para trabalhar com o IPG», acrescenta Valter Lemos, para quem não há motivos para rivalidades. «O mais preocupante é a criação de escolas de outras instituições no distrito da Guarda e não esta escola, que será criada no distrito de Castelo Branco», remata.

Liliana Correia

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