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«Decidimos pegar no Académico porque o antigo presidente já não tinha condições para continuar»

Cara a Cara – Miguel Ângelo Rebelo

P – Porque decidiu candidatar-se à presidência do Académico dos Penedos Altos?

R – Em primeiro lugar, quero dizer que esta não foi uma decisão só minha. Partiu de um grupo de 15 pessoas que via que esta casa não estava a funcionar corretamente e então todos decidimos pegar no Académico, visto que o antigo presidente já não tinha condições para continuar.

P – É uma responsabilidade acrescida chegar tão jovem à presidência de uma coletividade com tanta tradição?

R – É verdade. É uma responsabilidade grande, mas conto com o apoio de 15 pessoas, entre direção, Conselho Fiscal e Assembleia Geral. É como se fossemos um só. Funcionamos todos para o mesmo em conjunto.

P – Quais as principais medidas que já tomou e pretende continuar a realizar?

R – Já foram tomadas algumas medidas, como reduzir os custos na sede, a nível de eletricidade e água. Também não podemos reduzir muito mais porque não há muito mais para cortar. A única coisa que há para fazer é promover atividades e fazer com que o Académico regresse ao seu normal funcionamento.

P – Há novos projetos que pretenda implementar?

R – Sim. Atualmente ainda há alguma indefinição porque só estamos aqui há cerca de três meses. Estamos a fazer um plano de atividades bem elaborado e vamos ver o que vai dar. Já falámos em avançar com o atletismo e as marchas, mas a situação económica do país também não é a melhor e vamos ver o que será possível fazer.

P – Qual é a atual situação financeira da coletividade?

R – A situação financeira do Académico neste momento é muito má, pois quando entrámos para aqui o que nos foi passado em dinheiro foi zero. Temos cinco execuções a andar, estamos a negociar com toda a gente e é um bocado difícil, mas acredito que vamos conseguir dar a volta à situação porque temos o apoio de muita gente, inclusive da Câmara da Covilhã, que abriu as portas para nos ajudar. Mesmo a Junta de Freguesia da Conceição, sem grandes poderes económicos, também já manifestou disponibilidade para ajudar naquilo que puder e também estamos a trabalhar com empresas para fazer alguns protocolos.

P – Qual é o passivo do Académico neste momento e como é que o pensa contornar?

R – O passivo que já apurámos é de 278 mil euros, mas está uma empresa a fazer uma auditoria e então aí vamos ficar com a certeza absoluta do montante. Esse trabalho deve ficar concluído em finais de janeiro, principíos de fevereiro. Uma parte do passivo é relativa ao pagamento da sede, são 175 mil euros. Essa verba está a ser negociada com o banco, a negociação está quase no fim e então o Académico tem possibilidade de ir pagando o imóvel. É um empréstimo à Caixa de Crédito Agrícola que não estava a ser cumprido. A Câmara da Covilhã estava e está a cumprir a sua parte e o Académico não estava a fazê-lo. Agora, estamos em negociações para o Académico começar a cumprir e aí a coletividade será dos sócios. Quanto ao resto, falta pagar a alguns credores, já falámos com alguns e continuamos a falar, e o objetivo é fazer planos de pagamento para eles todos.

P – Fez parte da anterior direção. Como é que acha que o Académico chegou a este ponto?

R – Eu estava na direção mas não estava muito por dentro de algumas coisas. Agora estou e agora é que me apercebi da real situação que o Académico está a viver. É um bocado complicado uma associação como esta estar nesta situação, mas se calhar também é derivado à crise que está implantada, não só no país, mas também na Europa, e que também nos afetou. Mas com a ajuda de vários lados vamos conseguir resolver o problema. O mandato é de dois anos e estou otimista para o futuro.

P – Quais são as principais atividades que a coletividade desenvolve regularmente?

R – Para já, em dois meses e meio temos 30 turmas a fazer ginástica e um grupo de danças de crianças onde estão 15 meninos. Fizemos um torneio de “snooker” que contou com 32 participantes. Também fizemos um torneio de tiro ao alvo,, disputado por 30 pessoas e o vencedor foi o campeão nacional. Em dois meses e meio foi o que foi possível para meter a casa a funcionar. A partir de janeiro, temos o nosso plano de atividades, estamos também a pedir apoios a algumas empresas para esse plano ir para a frente e vamos ver como vai correr.

P – Quantos sócios tem o Académico atualmente? É um número que gostava de aumentar?

R – Neste momento temos 750 sócios, dos quais há alguns que são não pagantes e por isso estamos a fazer uma atualização, sendo que em janeiro ficaremos a saber em concreto quantos sócios é que a associação tem. Já recebemos as quotas todas do cobrador e estamos a ver agora quem paga e quem não paga. Há pessoas que desistiram porque a situação económica não é a melhor e estamos a contactá-las para saber qual foi o motivo porque desistiram. Também estamos a fazer uns cartões de sócio novos que vão ter algumas vantagens em postos de abastecimento de combustível e outras para o sócio também ter alguma mais-valia em ser nosso associado. Até agora, não havia qualquer diferença entre um sócio ou um não sócio que entrasse nesta casa e isso não pode continuar a acontecer. Um sócio tem que ter outras vantagens. Em dois meses e meio que estamos aqui fizemos perto de 80 novos sócios e é um número que gostava de ver aumentar.

Miguel Ângelo Rebelo

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        antigo presidente já não tinha condições para continuar»

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