Como é sabido, o PS Guarda está em estado comatoso. Sem o cimento do poder, as tropas debandaram. Nos últimos quatro anos não se deu pela existência da concelhia. A distrital afundou-se num mar de intrigas que ninguém percebe, nem quer perceber. Na verdade, o vereador Joaquim Carreira foi a única voz da oposição a Álvaro Amaro. Era, por isso, o candidato natural do PS à Câmara. Mas não. Em vez disso, os cérebros do PS lembraram-se de reanimar, com certeza através de eletrochoques, um dinossauro autárquico. E eis que, no meio do espanto de alguns e da indiferença da larga maioria dos guardenses, tiraram da cartola Eduardo Brito, um dos protagonistas da guerra civil que assolou a distrital. Foram buscá-lo a Seia, onde foi vereador uma data de tempo e presidente da Câmara durante 16 anos. Hoje, é presidente da comissão política distrital, empresário de hotelaria e “assessor” em turismo, agricultura, imobiliário. Deixou a Câmara de Seia em 2009 com um passivo de 52 milhões de euros, dos quais 34 milhões a fornecedores. Caso raro, Filipe Camelo, o seu sucessor socialista, não se conteve e queixou-se publicamente do estado em que encontrou as contas do município. Brito desvaloriza estes pormenores financeiros e justifica-se com os empregos criados no seu mandato.
Eduardo Brito tem andado por aí, acompanhado de uma pequena comitiva, que o orienta e guia pelos caminhos desconhecidos da Guarda. Aqui e acolá não consegue disfarçar o frete em que se meteu – a falta de entusiasmo e convicção dos seus discursos é apenas um sinal disso mesmo. Mas, verdade seja dita, o senhor mantém sempre um ar civilizado e educado. Faz um esforço por decorar a lição e não cometer nenhuma calinada grave. O investimento e o emprego são a sua grande prioridade. Bato palmas. Sejamos justos: o emprego sempre foi a grande prioridade de qualquer socialista que se preze. Basta pensar no açoriano Carlos César, líder da bancada parlamentar do PS, que não se cansa de incentivar a criação de novos postos de trabalho, sendo a sua família um espantoso exemplo de empreendedorismo. E na nossa região não faltam empreendedores do calibre de Carlos César.
Qual é então o problema? Fora o facto de não conhecer bem a Guarda, Eduardo Brito, como bom socialista, só tem ideias que envolvem mais dinheiro e mais despesa. Se ganhar a Câmara, não sabemos se o investimento e os empregos vão ver a luz do dia. Mas sabemos com toda a certeza uma coisa: as finanças do município vão ficar de pantanas.
Em 2013, Eduardo Brito afirmou a propósito da candidatura de Álvaro Amaro: «Essa coisa de vir de fora à Guarda é fazer de nós trouxas». Das duas, uma: ou Brito mudou a sua visão das coisas ou achou que tinha chegado também a sua hora de fazer de nós trouxas.
Por: José Carlos Alexandre