“Dar sangue, é dar vida”. É com este lema que o Serviço de Imunohemoterapia do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) trabalha todos os dias. «É preciso cada vez mais sangue», apela Jorge Martinez, ainda para mais quando se trata de um «hospital universitário». O médico espanhol está empenhado em aumentar o número de dadores na unidade hospitalar face «ao défice de 60 por cento de sangue» que o CHCB enfrenta.
O serviço conta apenas com «mil dádivas por ano», sendo necessário transportar do Instituto Português do Sangue (IPS) de Coimbra mais «1.500 sacos» para que o hospital possa ter o sangue necessário para as intervenções cirúrgicas e tratamentos de quimioterapia, entre outras operações. Apesar do hospital possuir um “stock” «suficiente» de sangue nas três componentes (glóbulos vermelhos, plasma e plaquetas), calculado através dos grupos sanguíneos e número de habitantes da região, é necessário aumentar o número de dadores para que haja uma «maior autonomia» e diminuir a dependência do IPS que, de resto, «abastece» de sangue os restantes hospitais da região Centro. Para isso, o CHCB conta com o apoio do Grupo Humanitário Dadores de Sangue da Covilhã cujos elementos foram «fundamentais» para testar a nova técnica de recolha de plaquetas, sublinha o médico. «Apesar de ser um processo mais moroso em relação ao método tradicional, temos a vantagem de ter plaquetas sempre que precisarmos», diz José Maria Fernandes, presidente do Grupo Humanitário de Dadores de Sangue da Covilhã. «É uma mais valia em quantidade, qualidade e em rapidez na resposta ao doente», acrescenta.
Desde 1982 que o Grupo promove e sensibiliza a dádiva de sangue e a sua necessidade. Um trabalho «humanitário» e de «solidariedade» para «dar sangue a quem precisa». Com cerca de 800 dadores, o Grupo de voluntariado desenvolve «acções de sensibilização» pelo concelho para falar dos benefícios de dar e receber sangue e, essencialmente, para cativar mais dadores. A sede do Grupo, junto ao pré-fabricado da Igreja da Estação, encontra-se aberta todos os dias úteis das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas, com uma funcionária a tempo inteiro para assegurar o serviço diário. Já a recolha de sangue, no Serviço de Sangue do CHCB, é feita de segunda a sexta-feira das 9 às 12 horas, e de segunda a quinta-feira das 14 às 17 horas, para além da recolha no primeiro sábado de cada mês das 9 às 12 horas.
Doar sangue é simples e seguro
Para além de ser um acto simples e bastante seguro, doar sangue é acima de tudo uma «atitude altruísta» em prol da sociedade. Qualquer pessoa disposta a fazê-lo passa por um processo de triagem. Antes da recolha, o possível dador é sujeito ao teste de controlo da hemoglobina (para avaliar a não existência da anemia) e à medição da tensão arterial. Depois, terá que responder a um pequeno inquérito sobre hábitos, estado de saúde e acautelar que a «dádiva não traga riscos ao dador nem ao receptor», salienta Jorge Martinez. Cada pessoa doa 450 mililitros de sangue que são transferidos para um sistema estéril, mas uma pequena parte desse sangue – recolhida durante a colecta – é sujeita a uma série de testes para detectar se o doador é portador de alguma doença infecciosa, como o vírus da hepatite B e C, HIV, HTLV e sífilis. Para a enfermeira Lucília Martins, dar sangue «é muito fácil». E para tranquilizar os dadores – principalmente aqueles que são submetidos pela primeira vez à recolha – nada melhor que «brincar um bocadinho», tal como «dizer que também tenho pavor à agulha», ironiza. Enfermeira há 15 anos, Lucília Martins trocou o serviço geral por um «projecto novo»: recolher sangue. O único problema que enfrenta «é a falta de dadores, principalmente nos meses de Verão».