Arquivo

Da janela

Bilhete Postal

Uma janela e um jardim. Da janela vemos o jardim e nele passeiam casais e pequenos grupos. Um ou outro olha para a janela. Aceno aqui e ali. Aceno porque me agrada interagir. Da janela vemos os canteiros de manhã. Vemos os cuidadores das flores, os animais que as afagam e o agitar verde da brisa. Movem-se ufanos na madrugada. Depois virão as pessoas que observam as flores, afugentam os animais e se agasalham da brisa. Eu estou na janela sonhando chegar a caminhar no jardim. Vejo o jardim e peço que me abram a janela para sentir o cheiro que emana. Vem duas abelhas perto de mim. Chega depois um pardal atrevido que poisa por instantes no peitoril. Olho as cores, observo os verdes que se agitam, a brisa que atira as folhas ao chão. Uma janela sobre um belíssimo jardim. Estou na janela faz semanas. Espero de modo tranquilo que me mandem para casa e nesse dia hei-de caminhar por entre os canteiros. A doença termina quando ali passear sem que me levem, sem que me apoiem. Preciso sentir que posso ir da janela para o jardim sozinho. Há dois dias comi só. A água soube-me como um néctar divino e aquele chá fez-me sonhar. Levantei-me ontem e sentei-me na janela. Está Sol. Há um fresco maravilhoso que me abraça e por isso sinto que estou bem. A saúde regressou.

Por: Diogo Cabrita

Sobre o autor

Leave a Reply