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Da Alvorada à Decadência – De 1500 ao Presente: 500 Anos de Vida Cultural Ocidental,de Jacques Barzun

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Neste princípio de ano, nada melhor do que um olhar atrás que nos estimula a reflectir. Eis a proposta do mui culto Jacques Barzun (1907- ) no seu recém traduzido DA ALVORADA À DECADÊNCIA – DE 1500 AO PRESENTE: 500 ANOS DE VIDA CULTURAL OCIDENTAL. O autor, fundador franco-americano do estudo de história cultural, emigrou jovem para os Estados Unidos, onde fez uma carreira brilhante de académico na Columbia University em Nova Iorque.

O livro tem dois objectivos paralelos: definir a visão do mundo tida pelas sucessivas gerações que, embora as distinga, também as liga, e relembrar ao leitor de não julgar o povo de outra altura, nem as suas acções, recorrendo aos padrões do mundo em que actualmente se vive.

Esta aventura cultural, nas suas quase 1.000 páginas, festeja o florescer da conjuntura de pólos opostos nas esferas de religião, política, etiqueta, arte e moralidade ao longo deste meio milénio. De notar o destaque dado a Camões, demonstrando a palidez de outros poemas épicos nacionais comparados com OS LUSÍADAS.

Delineando o avanço à decadência anunciada do título, descobre-se um desastre político, cultural e moral, criado pelo mesmo motor que promoveu as características particulares do ocidente – emancipação, primitivismo e individualismo, entre outros – aquando da sua busca sem escrúpulos.

Citações breves, a negrito e distinguidos da prosa, formam um género de coro grego que ora expõe a ironia do discutido ora dá luz. Os citados compõem um índice remissivo impressivo de figuras destes quinhentos anos, abrangendo personalidades tão distintas como S. Agostinho e Andy Warhol. Destaca-se também as sugestões bibliográficas ao longo da obra.

Jacques Barzun insiste na simplicidade e precisão da língua, qualidade ímpar que de certeza facilitou a sua tradução. A dedicatória embeleza as palavras de um parecer em inglês, To All Whom It May Concern, acrescentando o vocábulo all para estender a inclusividade pretendida – uma história para todos desta nossa civilização ocidental.

Por: María del Carmen Arau Ribeiro

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