Está patente até ao próximo dia 15, no Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, uma exposição comemorativa dos 400 anos da primeira publicação do primeiro volume da obra literária D. Quixote de la Mancha. Esta mostra resulta de uma iniciativa conjunta do Instituto Cervantes de Lisboa, da Embaixada de Espanha e da revista “Ler” em colaboração com a UBI.
“Ler a Mancha” divide-se em dois painéis compostos por quadros ilustrativos dos principais capítulos da obra de Miguel de Cervantes, recriados por cinco escritores e cinco ilustradores portugueses: António Mega Ferreira, Dinis Machado, Francisco José Viegas, José Eduardo Agualusa, Vasco Graça Moura e André Letria, Alex Gozblau, Bela Silva, Gonçalo Pena e Pedro Nora, respectivamente. Na impossibilidade de se expor a obra completa, «cada um lê e interpreta um capítulo», explica Gabriel Magalhães, docente do Departamento de Letras da UBI, que orienta hoje, pelas 16 horas, uma visita guiada à exposição. Esta é direccionada a todos os estudantes da universidade, sobretudo aos alunos da licenciatura em Português e Espanhol, e ao público em geral. O que se pretende é «falar um pouco do D. Quixote a propósito de cada um dos painéis que estão patentes», adianta o professor, para quem se trata de uma efeméride «importante», daí defender que não bastava ter a exposição, mas «falar um pouco mais do livro». Gabriel Magalhães entende que, desta forma, a UBI faz uma homenagem mais completa, através da qual pode ficar a conhecer-se «muito melhor o Quixote» e a literatura e cultura espanholas.
Os trabalhos que compõem esta mostra do mais conhecido romance escrito em língua espanhola, com o título original “El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha”, centram-se em cinco figuras principais: Quixote, Sancho Pança, Rocinante, Dulcineia e Cervantes, o próprio autor. Gabriel Magalhães destaca o espírito que anima e envolve a exposição. Trata-se de uma obra escrita por um espanhol e abordada por portugueses que, para este docente, é «como uma partitura espanhola interpretada por uma orquestra formada por dez portugueses». A mostra, que transforma até ao dia 15 o corredor principal do Museu de Lanifícios no passeio da maior obra literária espanhola, pretende também evidenciar o seu valor que, segundo o professor, «se tem perdido um pouco». «É importante retomá-la e mostrar a sua importância literária», afirma Gabriel Magalhães, preocupado com a «crise da leitura» que se vive no mundo contemporâneo, no qual os livros são vistos como «exilados», lamenta. Por isso, apela a que as pessoas visitem a exposição e possam ter «maior consciência do valor e da vida que esta obra possui para todos nós», conclui.
Rita Lopes