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Curtas-metragens à espera de financiamento na UBI

Universidade disponibiliza verba para os projetos finais, mas estudantes dizem que não é suficiente

Vender rifas a um euro, promover campanhas na Internet e “bater à porta” de empresas de todo o país são apenas alguns dos “caminhos” que os finalistas de Cinema da Universidade da Beira Interior (UBI) têm de trilhar por estes dias. Para financiarem os seus projetos, tornam-se jovens «empreendedores» antes mesmo de deixarem as cadeiras da faculdade.

António Lopes está no último ano da licenciatura e é nas ruas da Guarda que pretende realizar uma curta-metragem – o seu último trabalho obrigatório que colocará um ponto final no curso que frequenta há três anos. “O Vendedor de Sonhos” é uma história que ainda não saiu do papel, mas já “navega” na Internet. O estudante não se conformou com o valor de 300 euros atribuído pela universidade ao seu filme e partiu à conquista de mais financiamento, através de uma campanha online. O objetivo é atingir a meta dos 1.500 euros. «Não é possível realizar nenhum trabalho final de licenciatura apenas com os valores atribuídos pela UBI e o Instituto de Cinema e Audiovisual», lamenta. Para os futuros cineastas, o caminho passa quase sempre por uma intensa procura: empresas que possam contribuir a troco de publicidade, amigos e familiares que apoiem “a causa”, cidadãos de olhos postos nas artes, entidades locais, campanhas na Internet e até mesmo rifas.

Apesar das múltiplas hipóteses, este primeiro contacto com a profissão acaba por revelar uma realidade pouco abonatória para o mundo da Sétima Arte: «A procura acaba por ser frustrante», admite António Lopes, acrescentando que tem contactado diretamente algumas empresas da Guarda, mas sem grande sucesso. «Tem sido complicado arranjar quem apoie, talvez pelo estado atual da economia em Portugal. Mesmo assim, já consegui alguns apoios», congratula-se. Das entidades locais não obteve dinheiro, mas sim «disponibilidade», nomeadamente para autorizações da autarquia para gravar nos diferentes sítios da cidade e do TMG a cedência do pequeno auditório para uma das cenas da sua curta-metragem. “O Vendedor de Sonhos” é Morfeu, um homem que deambula pelas ruas escuras e apertadas da Guarda e promete, a troco de uma moeda, vender um sonho a Pedro, Gabriel e João, alterando para sempre as suas vidas, como conta a sinopse, disponível no portal – http://www.indiegogo.com/The-Dream-Seller-Vendedor-de-Sonhos -, onde o aluno está a promover a campanha.

António Lopes não acredita, contudo, que seja possível «reunir o montante necessário a tempo» e, nesse sentido, começa a ponderar «financiar tudo pessoalmente». Apesar desta luta nem sempre corresponder às expectativas, o futuro cineasta reconhece que o contacto com a realidade do mundo artístico tem o seu lado positivo: «Não deixa de ser uma boa experiência de produção, porque esta necessidade de encontrar verbas incentiva os alunos a serem empreendedores e a lutar um pouco mais pelos seus projetos», afirma. Vasco Santos partilha a frustração, os ideais e sobretudo a vontade de fazer cinema. Também frequenta o último ano e à sua curta-metragem foram atribuídos 100 euros, um valor que também ficou aquém da expectativa. «O dinheiro não chega. Como sou natural do Algarve, a minha ideia é recorrer a várias empresas de lá», explica. O estudante admite que estas verbas «limitam bastante a liberdade criativa».

«Não quero dizer que por termos mais dinheiro o trabalho será sempre melhor, mas ajuda», considera ainda. Vasco Santos defende que o melhor caminho seria a faculdade encontrar uma solução em parceria com grandes empresas, que possuem ligações com a região: «Talvez logo no início do ano fosse possível fazermos acordos com a McDonald’s, a Sonae Sierra, por exemplo, que são empresas que decidem de um ano para o outro o montante que vão gastar em publicidade», sugere.

Catarina Pinto Estudantes têm de procurar financiamento fora da universidade para filmar

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