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CTT de Manteigas e Fornos de Algodres em risco de fechar

Depois das escolas, dos SAP e de outros serviços da administração pública, chegou a vez das estações de Correios. E as primeiras que poderão encerrar ficam em duas sedes de concelho no distrito da Guarda.

Num concelho onde a população escasseia e é maioritariamente idosa, a única estação dos correios que serve a área geográfica de Manteigas está em risco de fechar. «A empresa está a tentar minimizar os custos e a maximizar os proveitos, como faz qualquer empresa privada», lamenta Esmeraldo Carvalhinho, para quem os CTT «não devem ser vistos como um negócio», mas «como um instrumento insubstituível para a coesão social, económica e territorial» do país.

O caso foi denunciado há duas semanas numa carta enviada ao primeiro-ministro e o edil alerta que esta medida, a concretizar-se, é «mais uma machadada nos direitos dos portugueses que têm o azar de residir em zonas mais despovoadas». O presidente da Câmara vai mais longe e constata que «as medidas de coesão territorial e de discriminação positiva para o interior não estão a acontecer», acrescentando que em situações como esta «o que acontece é precisamente o contrário». «Não existem alternativas que garantam a prestação completa dos serviços atualmente prestados, nomeadamente ao grupo da população mais idosa e vulnerável», é referido no ofício. É por isso que a autarquia exige à administração dos CTT que reverta a intenção de encerrar a estação de Manteigas, «mantendo o seu funcionamento nos moldes e horários atuais, disponibilizando o leque de serviços que têm vindo a ser prestados, mas reforçando a sua qualidade».

Ao Governo, a Câmara apela que intervenha no processo, «impondo o cumprimento dos princípios de universalidade e de proximidade» do serviço de correios. Esmeraldo Carvalhinho espera ainda contar com o apoio de outros municípios na luta «para a reversão total da privatização dos CTT, para que voltem à esfera do Estado que era daí que nunca deviam ter saído», e aguarda por uma tomada de posição da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE). «Espero que, com o peso que tem ou deveria ter junto do Governo, faça também pressão», sublinha o edil manteiguense, que adiantou a O INTERIOR que, caso o fecho se concretize, a Câmara – «que é o maior cliente dos CTT em Manteigas» – pondera procurar outro operador económico que preste os mesmos serviços. O município deu ainda conhecimento da missiva ao presidente da República, aos grupos parlamentares com assento na AR e ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas.

CTT também podem em Fornos

O cenário é idêntico em Fornos de Algodres, onde o presidente da Câmara confirmou a O INTERIOR que a estação dos CTT pode mesmo vir a fechar, só ainda não se sabe quando.

«Naturalmente que não concordei, nem concordo. Não me parece que esta seja a melhor forma de defender o interior», ironiza o socialista Manuel Fonseca, para quem este é um serviço indispensável para os residentes. «A nossa população é essencialmente idosa, as pessoas ainda vão aos CTT para pagar a água ou a luz, enfim para ter acesso a um determinado tipo de serviços que, com o fecho, não sei se ficará assegurado», critica o edil fornense, sublinhando que neste momento a autarquia está «na fase da negação, da reivindicação, de fazer ver às autoridades que este fecho vai criar graves problemas» aos munícipes. «A mim não me interessa muito imputar responsabilidades ao Governo anterior ou a este, o que me importa é defender a manutenção de um serviço que é essencial», afirma o autarca, que reclama um apoio do Governo «mais enérgico» nesta questão. Mas por enquanto ainda não há certezas quanto ao futuro dos CTT em Fornos: «Não tenho nenhuma comunicação oficial que diga que o fecho será em setembro», confirma Manuel Fonseca, avisando que fará tudo para que os serviços postais continuem a ser prestados aos fornenses. O INTERIOR tentou contactar os CTT, mas até ao fecho desta edição não foi possível.

Sara Guterres Os CTT «não devem ser vistos como um negócio», segundo Esmeraldo Carvalhinho

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