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Crise acentua-se no comércio do centro da Covilhã

Mais de uma dezena de estabelecimentos poderão estar em risco este ano

O centro da Covilhã continua a assistir ao encerramento de alguns dos seus comércios. Com fim anunciado estão, para já, lojas com alguma tradição na “cidade-neve”, como a Livraria Ferrão ou os Armazéns da Beira Centro. Mas, ao que O INTERIOR conseguiu apurar, mais de uma dezena de estabelecimentos estarão com os dias contados.

No caso dos Armazéns da Beira Centro, comércio com dezenas de anos de tradição na Covilhã, pouco falta para que feche em definitivo. A loja já está em fase de liquidação e balanço. Uma decisão que, segundo um dos responsáveis, não foi tomada de ânimo leve. «Custou bastante, mas tudo tem um fim e as coisas mudam», justifica. Quanto às razões que ditaram o fecho, há a conjuntura económica, «que não está nada favorável e o aparecimento do Serra Shopping». Por outro lado, o comerciante fala na «necessidade de investir que se impôs às empresas, sendo que a maioria não o conseguiu fazer». Além disso, também o centro da cidade não terá sido preservado da melhor forma: «Fizeram muito mal ao Pelourinho, sobretudo no que diz respeito ao estacionamento, que é a pagar», lamenta. Esta é também uma das principais críticas de Miguel Bernardo. O presidente da comissão executiva da Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP) estranha mesmo que «o estacionamento seja gratuito em todas as zonas da cidade, à excepção do centro».

O dirigente receia que já não haverá muitas medidas para resolver esta crise. «Avisámos que a situação do comércio tradicional na Covilhã poderia vir a ser grave a curto prazo, porque houve um abandono premeditado do centro da cidade», critica. Entretanto, Miguel Bernardo sugere uma actuação «urgente», nomeadamente na «dinamização do centro» e no estacionamento, factores que poderão ser determinantes para «trazer visitantes» ao Pelourinho. «Mas vai demorar muito tempo até que o comércio tradicional da cidade possa recuperar», avisa, admitindo que medidas como a possível aquisição do Teatro-Cine pela Câmara possam «contribuir para criar novas dinâmicas no centro urbano e ajudar os comerciantes». De resto, Miguel Bernardo chama a atenção para a «tendência seguida na maioria das cidades, no sentido de recuperar e valorizar os seus centros». Uma coisa é certa, o responsável já anunciou que não está disponível para continuar na direcção da AECBP, cujas eleições estão agendadas «para o início de Fevereiro».

Os últimos dados dos estabelecimentos que fecharam na Covilhã são referentes a 2005 e 2006, período em que, segundo a AECBP, terão encerrado 35 lojas. Os últimos números estão na posse da Câmara, segundo Miguel Bernardo, mas o vereador Luís Barreiros recusou revelá-los. «A AECBP falou, há algum tempo, de um conjunto de dados alarmantes e quisemos saber se era mesmo assim. Para isso, requeremos um relatório com a lista das lojas que fecharam», explicou, considerando que este é um assunto que a Câmara «não quer debater e que em nada contribui para dignificar a Covilhã». Contudo, Luís Barreiros sempre foi dizendo que, segundo o documento da AECBP, a realidade «nada tem de alarmante, até porque nos locais onde fecharam algumas lojas já abriram outras».

Rosa Ramos

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