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«Criar uma guerra eleitoral seria falta de bom senso»

Cara a Cara – Entrevista: Pedro Venâncio

P – Porque decidiu candidatar-se de novo à presidência da AAUBI?

R – Sempre disse que seria candidato enquanto a AAUBI estivesse no estado em que está. Penso que neste mandato muitas das situações problemáticas vão ser resolvidas, mas mesmo que este trabalho não esteja todo conseguido, seremos novamente candidatos. É ponto assente que serei candidato sempre que a Associação necessitar.

P – Quando diz no «estado em que está», refere-se a quê?

R – Tem a ver com os pontos organizacional, administrativo e à imagem negra que a AAUBI tem neste momento junto da comunidade estudantil. Estou a referir-me ainda aos imensos problemas pedagógicos que há na universidade. Felizmente, agora temos um novo elemento para nos ajudar nessa luta, o Provedor do Estudante.

P – No ano passado perdeu para João Rey. Como viu todas as confusões vividas neste mandato?

R – Prefiro olhar para a frente do que criticar o que foi feito e dizer quem errou e quem não fez. Prefiro não fazer comentários sobre o mandato que terminou, porque isso depende do ponto de vista de cada um e não me cabe a mim avaliar o trabalho dos outros.

P – Quais os seus principais projectos?

R – O primeiro será arrumar a casa. Neste momento temos um caos documental em termos da tesouraria e administrativo. Vamos também criar um fundo social para precaver potenciais colegas em situações financeiras menos favoráveis e com problemas graves. No início deste ano lectivo tivemos entre 12 a 16 colegas que ficaram impossibilitados de se inscreverem porque não tinham verba para a primeira prestação da propina e estamos a falar de valores que, para muita gente, são difíceis de alcançar, mas muito fáceis de suportar para uma Associação Académica. Outra das preocupações desta equipa é mudar a imagem da academia não só no seio dos alunos, mas também na região. Para isso, estamos a estabelecer protocolos com a Sociedade Ponto Verde relativamente ao nosso evento mais significativo, a Recepção ao Caloiro, para que se torne numa marca 100 por cento reciclável, onde reciclaremos todos os materiais utilizados no evento. Também estabelecemos um protocolo com a Cruz Vermelha, que vai estar presente no recinto para informar sobre algumas epidemias e distribuir preservativos. De resto, vamos doar uma percentagem do lucro do evento para a instituição. Temos ainda os Núcleos sem Fronteiras, criados no mandato de Luís Fernandes e que tiveram um impacto significativo na comunidade estudantil. Outro projecto ambicioso é a passagem de uma discoteca da cidade, o Espaço Covilhã, para a gestão da AAUBI.

P – Apesar deste período algo conturbado e das eleições se realizarem muito perto da Recepção ao Caloiro, acha que essa actividade não vai ser afectada?

R – Não, porque tive o cuidado de criar uma equipa com elementos que têm entre dois a três anos de experiência na associação e já realizaram três ou quatro eventos deste tipo. Sabem o que temos em mãos e num curto espaço de tempo conseguem desempenhar, de forma muito profissional, as suas funções. Vamos inovar, vamos ter uma coisa nunca feita e há sempre um risco inerente. A Recepção vai realizar-se no pavilhão da ANIL, mas com um novo modelo. Vamos diversificar o evento, ter o dobro do espaço, ocupando a zona exterior, e proporcionar bastantes actividades e estruturas de apoio. Será uma festa que se tornará, a médio prazo, semelhante às que se realizam em Coimbra ou Braga, por exemplo. Cerca de um terço dos elementos da lista já estão licenciados, frequentando agora o mestrado. A maior parte já trabalha, como é o meu caso, pelo que estamos disponíveis para pegar no barco e metê-lo no rumo certo.

P – Como vê o facto de ser o único candidato?

R – Encaro-o como o bom senso dos alunos, porque o surgimento de outra lista implicaria uma “guerra eleitoral” sem sentido, pois só poderá ir agora para a AAUBI quem estiver consciente da situação que a associação vive. Nós sabemos como a casa está e o que é preciso fazer para a melhorar. Alguém que viesse de fora e caísse aqui de pára-quedas estaria a cometer um erro brutal. Os alunos ficaram conscientes dos problemas da AAUBI nos últimos meses com as histórias que têm vindo a correr e com coisas que se passaram e que nunca se viram.

Pedro Venâncio

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        bom senso»

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