A candidatura do PSD à Câmara da Guarda apresentou, no início da semana, uma queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE) onde acusa o seu principal adversário, Joaquim Valente, de estar a utilizar meios e funcionários da autarquia para benefício da campanha socialista.
Na base desta queixa está uma visita realizada por Crespo de Carvalho às instalações da Câmara, na passada sexta-feira, onde diz ter surpreendido uma funcionária a trabalhar na candidatura do seu opositor. Na visita em causa, integrada numa acção de campanha, a comitiva social-democrata, acompanhada por um director do serviço e uma relações públicas da Câmara, deparou-se com uma funcionária com o mapa de campanha do PS nas mãos, que «ainda chegou a tentar esconder», adianta Crespo de Carvalho. Segundo relata, a funcionária «dava ordens via telefone, invocando que acabara de receber um conjunto de instruções de Joaquim Valente para trocar uma série de sessões de esclarecimento». Para o candidato independente apoiado pelo PSD, esta situação evidencia que «não é só o aparelho socialista» que tem sido mobilizado pelo actual edil. «Estamos em situação de desigualdade perante a candidatura de Joaquim Valente», constata Crespo de Carvalho, referindo que está a ser movimentada «uma máquina que é pública e indevidamente» para a campanha do candidato/presidente.
O caso foi de imediato relatado ao mandatário da candidatura, o advogado António Ferreira, que entendeu dever ser formalizada uma queixa junto da CNE. «Aguardamos agora a actuação por parte da CNE e, eventualmente, por parte do Ministério Público, se achar que há matéria suficiente em termos criminais», acrescenta o candidato social-democrata, que espera que o seu adversário não escape, pelo menos, ao pagamento de uma coima. Por sua vez, Joaquim Valente disse desconhecer «factualmente» a queixa e o que se passou aquando da visita da candidatura social-democrata à Câmara, mas acrescentou que os funcionários da autarquia são «cidadãos com os mesmos direitos e deveres dos outros e também votam». E sublinhou que, se se envolvem na campanha, «é de livre vontade, eu não chamo ninguém. Se participam é enquanto cidadãos e não como funcionários públicos». Quanto ao telefonema da funcionária relatado pelos adversários, considerou poder tratar-se de «um contacto dos serviços para as Juntas ou as associações para saber como está a andar determinada obra».