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Covilhanenses mudam para a zona da ANIL

Novos bairros cada vez mais atractivos

«Devolver o centro da cidade aos covilhanenses» era um dos pressupostos da intervenção Polis na Covilhã e a afirmação fê-la o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, quando fez a apresentação do arranjo urbanístico do Pelourinho. Cinco anos depois, a cidade desceu, colina abaixo, para se instalar nas novas urbanizações do vale. O esforço de revitalizar o centro histórico e requalificar a “sala de visitas” da cidade não tem dado frutos e, a exemplo do que sucede um pouco por todo o lado, a “velha” cidade não consegue competir com a “nova” urbe.

O aparecimento do “Serra Shopping” veio alavancar comercialmente a nova centralidade da Covilhã. Se até à inauguração do centro comercial da Sonae Sierra as pessoas, que foram residir para as novas habitações construídas na zona da Anil, e até ao eixo TCT, eram obrigadas a deslocar-se continuamente aos serviços e comércio do centro, agora deixaram de o fazer. «As compras passaram a ser feitas no centro comercial» ou nas suas imediações, garante António Bernardo, residente na Rua 25 de Abril, e que «antes subia a rua» que agora desce. Para Pedro Guedes de Carvalho, professor na UBI e responsável pelo Plano Estratégico do Turismo da Serra da Estrela, em declarações ao diário “As Beiras”, «a forma como a cidade se expandiu, esvaziou o comércio do centro e o Pelourinho». Para o docente, além do centro comercial, também o aparecimento ou transferência de alguns serviços para a zona baixa da cidade contribuiu para «desvalorizar o centro histórico». Em declarações ao diário de Coimbra, o professor da UBI refere que o «comércio não se revitalizou, não acompanhou a evolução» e recorda que quando foi feita a intervenção no Pelourinho propôs «uma praça central que permitisse às pessoas circular sem carros», num sistema de túneis. Pedro Guedes espera agora ser ouvido e sugere para Covilhã o que «fazem algumas cidades que estão a revitalizar os centros com gente jovem, através de incentivos variados, como rendas subsidiadas».

A intensidade com que se tem construído no vale do Zêzere, a localização do Hospital Pêro da Covilhã, a Faculdade de Ciências da Saúde, o “shopping”, a acessibilidade e o aparecimento de vários serviços na zona da Anil são razões, mais do que suficientes, para a debandada da parte alta da cidade. António Bernardo garante que se «vive melhor nos novos bairros e ficam perto de tudo» e que as «pessoas preferem uma casa com garagem» do que viver na zona antiga. O vereador do pelouro do urbanismo, João Esgalhado, explicou que a Câmara tem «algumas ideias para reanimar o Pelourinho». Para o autarca é necessário criar «novos serviços» na zona antiga da cidade de forma a recuperar a dinâmica que se tem perdido. De resto, a Câmara da Covilhã tem desenvolvido de forma «quase constante» actividades no Pelourinho, precisamente com o objectivo de dar vida à praça. Esgalhado mostra-se confiante e assevera que o Pelourinho «não vai morrer». O responsável de urbanismo da autarquia não está tão confiante em relação ao comércio tradicional, pois «não acompanharam os novos tempos nos produtos que oferecem, na divulgação ou nos horários» e, por isso, terão maiores dificuldades em sobreviver.

A presença de muitos dos serviços públicos, bem como de grande parte dos serviços e departamentos da Universidade da Beira Interior, na zona mais antiga da cidade (ou nas suas imediações) confere algum optimismo a todos os que depositam confiança na capacidade de a cidade se revitalizar. De resto, os covilhanenses acreditam na afirmação de Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal, quando, em sessão pública, afirmou categoricamente que «temos muitas novidade que vão surpreender toda a gente», referindo-se, nomeadamente, à implementação de medidas e políticas «imaginativas» para estimular nas pessoas o prazer de viver em zonas antigas. Entretanto, o número de casas devolutas e abandonadas no centro da cidade aumenta continuamente.

Planeamento do Território em debate

Seminário de Turismo na UBI realiza-se amanhã

Realiza-se amanhã, pelas 14 horas, no Centro de Formação Interacção UBI Tecido Empresaial – CFIUTE, um Seminário de Turismo que irá ter como orador convidado Carlos Manuel Martins da Costa, professor da Universidade de Aveiro, que irá falar sobre “Opções de Estratégia para a Gestão e Planeamento do Território”. Esta iniciativa é aberta a toda a população e é organizada pela coordenação da pós-graduação em Marketing de Eventos Turísticos da UBI.

Luís Baptista-Martins

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