A mobilização parece ter funcionado no PSD da Guarda, apesar do acórdão do Conselho de Jurisdição Nacional ter validado “em cima da hora” a realização de eleições antecipadas na maior concelhia dos social-democratas no distrito. A decisão foi conhecida na noite de quinta-feira, mesmo a tempo de despoletar o processo eleitoral que levou Couto Paula a assumir a presidência da estrutura guardense, eleito no último domingo por 80 votos. Sem opositores e sob a ameaça de impugnação das eleições por Rui Quinaz, seu antecessor, o actual presidente do Centro Regional de Segurança Social assumiu como objectivo «número um» a conquista da Câmara da Guarda e até invocou a ajuda de Deus para tal desígnio.
Curiosamente, ou não, estas eleições apenas legitimaram uma pequena remodelação na estrutura dirigente do PSD da Guarda. É que só Rui Quinaz e Pedro Nobre foram substituídos, mantendo-se para mais um mandato a grande maioria dos restantes elementos que apoiaram o presidente cessante há dois anos atrás. Sinal de tempos conturbados por jantares de militantes opositores [um novo repasto de contestatários teve lugar no final da semana passada reunindo cerca de 50 militante]. Mas em dia de plebiscito, Couto Paula passou por cima da controvérsia e defendeu que quem tiver opiniões diferentes no partido deve guardá-las para si e «expressá-las nos locais próprios e no tempo certo». Um aviso seguido de uma constatação: «Haverá muita gente nesses jantares que nem será militante. De resto, essas pessoas têm tido politicamente uma postura com a qual não concordo, porque há meses, senão anos, que não vejo muitos deles nesta casa», criticou. Contudo, Couto Paula apelou à união de todos os militantes em torno do seu projecto, que julga ser «credível, pragmático e politicamente ganhador» para o grande objectivo da concelhia: ganhar a Câmara da Guarda. Quanto ao candidato, será conhecido «a seu tempo e no local certo», diz.
O novo líder assume que a concelhia ora eleita tem uma «responsabilidade histórica», que assenta na rentabilização do «capital acumulado» no concelho onde o PSD terá actualmente «uma base eleitoral sólida e alargada». Para Couto Paula, tem havido «um trabalho sério, graças à disponibilidade e ao querer de alguns dos seus militantes e dirigentes, estabelecendo-se entre estas pessoas e quem está nas aldeias e sede do concelho empatias e solidariedades que nunca poderão ser postas em causa». Quanto ao resto, o dirigente garante que o acórdão do Conselho de Jurisdição Nacional põe um «ponto final» na polémica que rodeou estas eleições, tanto mais que o acto do último domingo ficou marcado por um aumento significativo do número de votantes, tendo votado «mais 40 por cento de militantes do que no último acto. Este aumento tem que ser concerteza considerada como uma mobilização adicional relativamente a outras eleições», recorda. Luís Aragão e José Cunha são os vice-presidentes de Couto Paula, enquanto Carlos Gonçalves se mantém na presidência da mesa do plenário. António Medes, Zita Moreira, Isabel Couto e Alfredo Freire são outros dos elementos da direcção da concelhia. Não foi possível, até à hora do fecho desta edição, obter uma reacção de Rui Quinaz.
Luis Martins