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Corte de árvores centenárias desagrada em Trancoso

Câmara justifica medida com necessidades ambientais e materiais, mas ambientalistas exigem plantação de espécies autóctones

A Câmara de Trancoso ordenou recentemente a poda de quase 40 árvores e o abate de mais sete em várias freguesias do concelho. O resultado desagrada à Associação de Protecção da Natureza do Concelho de Trancoso (APNCT), que denunciou aquilo que classifica de «podas radicais».

Já foi posto a circular um abaixo-assinado onde se exige que a Câmara se retracte, explique o sucedido e plante árvores autóctones nos locais intervencionados. A autarquia justifica o acto com a necessidade de preservar o património público e privado, alegando que seis das árvores abatidas «estavam mortas». Em Falachos, na freguesia de Tamanhos, três tílias com quase 10 metros de altura «foram decepadas e ficaram reduzidas a um tronco semelhante a um “menir”», descreve Jorge Proença, vice-presidente da APNCT, acrescentando que «não havia qualquer risco de segurança e o seu estado fito-sanitário era saudável». Em declarações a O INTERIOR, António Oliveira, vice-presidente da Câmara de Trancoso, refere que um freixo, junto ao cemitério da localidade, estava «descompensado», pelo que foi necessário «prevenir» a sua queda e consequente destruição de várias campas, «que teria de ser a Câmara a pagar». Após o desbaste, realizado a 6 de Março, a lenha foi arrematada no final da missa do último domingo por 25 euros, que reverteram para a paróquia.

A poda também chegou à sede de freguesia, onde foram radicalmente podados quatro freixos centenários. A APNCT denuncia ainda situações similares na estrada que liga Trancoso à Cruz da Galega (EN 102-4) e no Largo Luís de Albuquerque, em Trancoso, junto ao posto da GNR, de onde «desapareceram» uma acácia e outras árvores. No primeiro caso, António Oliveira alega que muitas transportadoras de passageiros e mercadorias já tinham alertado a autarquia para os danos provocados nos veículos pelas ramagens. Na cidade, o autarca clarifica que as árvores «já estavam mortas» e que o seu abate enquadra-se numa acção de «arranjo urbanístico» destinado a garantir mais estacionamento. Por outro lado, naquele local serão plantadas 12 árvores em substituição das seis que foram cortadas pela raiz. Contudo, tal não é suficiente para Jorge Proença, para quem os trancosenses vão sentir «esta perda na qualidade do património arbóreo, abrigo, sombra, purificação do ar, diversidade biológica e valorização turística e paisagística do concelho».

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