Os rituais de Passagem de Ano são acompanhados dos votos de múltiplos sonhos e projectos para o Novo Ano.
Decorridas que são duas semanas desde o início de 2018 e todos estes votos foram já renovados, deixo-vos para 2018 uma palavra, que poderá ajudar à concretização de todos os nossos sonhos: CORAGEM
Coragem a nível individual para exigirmos mais de nós próprios, para que no nosso âmbito de atuação sejamos mais empenhados, exigentes e reivindicativos.
Coragem para intervir na vida coletiva, colaborando e participando ativamente, com ideias contributivas, ouvindo e ponderando as ideias dos outros.
Coragem para exigirmos um país coeso, justo, em vez de um país assimétrico, com múltiplas parcelas abandonadas. Cimentar a coesão hoje previne fissuras amanhã. O remorso de 2017 exige-nos este caminho.
Coragem para exigir ao poder central:
– um verdadeiro projeto de ordenamento do território
– uma política de descentralização de meios e competências (por esta ordem)
– um compromisso de médio/longo prazo de repovoamento de três quartos do país
– um contrato de médio prazo entre o poder central/regional e local para reabilitação dos centros históricos.
Os centros históricos apresentam um potencial elevado de risco de incêndio.
São a doença mais grave do ordenamento do território urbano e um sorvedor de recursos para os municípios.
Coragem para exigir aos nossos representantes acordos de regime para reformar setores vitais da sociedade – Justiça, Saúde, Educação, Segurança Social – em detrimento de acordos sub-reptícios sobre interesses próprios.
Coragem para dizer – mesmo contra a corrente – que economicamente estamos a crescer pouco. Somos o 3º ou 4º país da região europeia a crescer menos. Continuamos a divergir dos mais desenvolvidos em vez de nos aproximarmos.
Coragem política para constatar que o nosso sistema representativo está doente. O número de não votantes aproxima-se dos 50% e os partidos apenas têm imagem positiva para cerca de um quarto da população. Os partidos políticos são fundamentais nos regimes democráticos mas devemos melhorar o escrutínio da representação para que os representantes representem os eleitores, em detrimento do líder que os seleccionou.
Outros países – vg. Alemanha – têm sistemas mistos, escolha pelos eleitores (listas uninominais) e escolha pelo líder. Poderá ser o caminho.
Coragem para inverter o status quo!
Coragem para iniciar um caminho Novo!
O que seguramente não gostaria de ver no início de 2019 era novamente as mesmas expetativas de sempre, sinal que não teríamos saído do mesmo sítio!
Cidália Valbom*
* Inspetora do Instituto dos Registos e Notariado, IP e presidente da Assembleia Municipal da Guarda