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Contra o esquecimento de Barca d’Alva

Espanhóis passam a fronteira no domingo para defender a «recuperação e valorização» da linha entre La Fuente de San Esteban e a localidade duriense

A antiga estação ferroviária de Barca d’Alva, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, vai, vai ser, no domingo, o palco de uma festa que pretende chamar a atenção das autoridades competentes para a revitalização da linha até ao Pocinho. A iniciativa é promovida pela associação espanhola “Camino de Hierro”, sediada em Salamanca, que se associa desta forma às comemorações dos 150 anos do Caminho-de-Ferro em Portugal.

É a primeira vez que o evento acontece deste lado da fronteira, realizando-se há três anos nas localidades espanholas vizinhas. A organização promete animação, música, exposições e pequenos trajectos em «engenhocas ferroviárias» para sustentar que a revitalização desta via para fins turísticos é a solução mais viável em termos económicos. A “Camino de Hierro” espera assim divulgar esta opção e sensibilizar a opinião pública e o poder político português para a «recuperação e valorização» da linha que liga La Fuente de San Esteban (Espanha) a Barca d’Alva. A construção da linha, que corre pelas devesas do campo charro (na província de Salamanca) e entra em Portugal junto ao Douro, foi iniciada em 1883, inaugurada em 1887 e encerrada há cerca de 20 anos. Contudo, esta ferrovia é considerada pela associação como «um exemplo de engenharia civil único», o levou o Ministério da Cultura espanhol a classificá-la como Bem de Interesse Cultural, com a categoria de Monumento. Um passo que está longe de ser dado no nosso país, onde a linha tem sido sucessivamente esquecida pela REFER. Foi para evitar isso que nasceu o grupo “Camino de Hierro” em 2003, integrando 13 municípios espanhóis.

Desde então a associação tem defendido o aproveitamento destas infraestruturas ferroviárias para promover os recursos culturais e naturais da região. A implantação de diversos meios de transporte alternativos, como as vagonetas históricas e um comboio turístico, é uma das propostas. Mas há mais, caso da criação de percursos para bicicletas e pessoas, a reutilização das estações para sediar restaurantes, alojamentos, oficinas temáticas, salas didácticas e o estabelecimento de rotas e actividades nas proximidades da linha e com ela relacionadas. Com esta sugestão, a “Camino de Hierro” pretende dotar a via férrea dos «meios necessários para desenvolver um conjunto de actividades que potenciem o turismo em torno da linha», tendo em conta a sua preservação. E considera que só assim se pode criar «uma dinâmica de diversificação económica» que contribua para o progresso de concelhos menos desenvolvidos e «castigados pelo despovoamento». A festa deste ano terá início pelas 10 horas com a comemoração do aniversário da construção dos caminhos-de-ferro portugueses. Serão engalanadas duas máquinas – uma espanhola e outra portuguesa – que, simbolicamente, se tocarão a meio da ponte internacional sobre o Águeda, «lembrando assim a dupla inauguração da conclusão da ponte e da linha Porto-Salamanca», antecipa a organização. Patente estará também uma exposição fotográfica sobre “O caminho impossível para Portugal/Espanha”, sendo ainda apresentada uma grande maqueta ferroviária pela associação dos “Amigos do Caminho-de-Ferro de Salamanca”. Já a música ficará a cargo, entre outros, do cantor Luís Ramos de la Torre.

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