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Contra mim escrevo

“Eu pago para ter estes direitos”, “eu descontei para isso”, são frases frequentes entre funcionários públicos. Eu também sou! Mas afinal o que é o dinheiro do Estado? O Estado arrecada dinheiro privado para redistribuir de um modo público, logo se o Estado não produz dinheiro, não vende bens que fabrica, não exporta metalomecânica nem produção agrícola, de onde lhe chega o dinheiro? Vem de tudo o que arrecada em impostos direta ou indiretamente. Depois, na posse deste valor, distribui por salários dos seus funcionários e por obras públicas e manutenção de outras já realizadas e por serviços tidos por públicos para gerar igualdade: saúde, educação, segurança, transportes, justiça, forças armadas. Ora, o salário de todas estas pessoas vem da entrega do tal montante privado para atividades coletivas geridas por pessoas que nem conhecemos – os políticos! Se eu recebesse o meu salário “lavado” dos descontos e não descontasse coisa nenhuma era basicamente o mesmo que receber o meu salário mais X e depois reentregar o X na forma de “descontos”. Por razões várias é esta a fórmula vigente, mas entenda-se que os descontos dos funcionários públicos são uma mera fórmula contabilística de entrar e sair dinheiro do Estado a partir de e para um mesmo bolso. Percebem o contrassenso? O Estado tem de viver com menos pessoas, tem de ter menos funções, tem de realizar menos obras uma vez que o produto gerado dos dinheiros privados não cobre tudo aquilo que ele decidiu fazer. No máximo do ridículo, temos funcionários do Estado que ganham mais que os geradores da riqueza privada.

Por: Diogo Cabrita

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