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Contas trocadas no TMG

PSD acusa maioria socialista de demagogia no balanço do primeiro trimestre de actividade do Teatro Municipal da Guarda

Os números da afluência ao Teatro Municipal da Guarda (TMG) no seu primeiro trimestre deram origem a um aceso diálogo na última reunião do executivo camarário. Tudo porque os eleitos do PSD acusaram a maioria socialista de ter protagonizado nos últimos dias um acto de «demagogia do mais alto calibre» com a divulgação dos mais de 28.500 utentes registados desde 25 de Abril, data da inauguração do novo complexo cultural da cidade.

«Dizer-se, como se disse, que era um êxito e até um exemplo para o Teatro Nacional de São Carlos, parece-me uma precipitação populista», acusa Crespo de Carvalho, considerando ter havido uma «má utilização» dos números. A comparação com a sala de Lisboa é do próprio secretário de Estado da Cultura, durante a inauguração do Edifício Cultural de Gonçalo, que disse que o TMG «já teve mais espectadores desde que abriu do que o Teatro Nacional de São Carlos, onde o Estado investe generosamente, num ano inteiro». Mas o vereador não partilha desta euforia, já que pelas suas contas, a partir do relatório da CulturgGuarda, empresa municipal que gere o espaço, apenas 41 por cento da capacidade instalada foi utilizada: «Se considerarmos que dessas 28 mil pessoas, quase 12 mil são apenas estimadas porque terão passado pelo café-concerto, temos afinal 16 mil utentes e não 28 mil. Por exemplo, nos espectáculos do café-concerto foram contadas pelo número, apenas e só, de talões de consumo distribuídos. Basta que um utente tenha consumido quatro coisas diferentes em tempos diferentes para ser contabilizado quatro vezes», adianta, estranhando que o relatório refira assistências por espectáculos que variam dos 112 a 5 por cento. «Um anacronismo», garante

O vereador lamenta igualmente que o documento não refira receitas e pede já uma avaliação «séria» da situação para evitar que a CulturGuarda seja, «a prazo, uma empresa municipal altamente deficitária ou até falida». Opinião diferente tem o presidente da Câmara e também do Conselho de Administração da CulturGuarda. Álvaro Guerreiro recorda ter avisado que esta avaliação «não é significativa» para uma análise global «rigorosa» do TMG. «Agora, os números são estes e eles excedem as nossas expectativas iniciais, disso não há dúvidas», congratula-se. Este balanço diz respeito à frequência total dos dois auditórios, serviço educativo, galeria de arte e café-concerto. Dos utentes contabilizados, conclui-se que 16.397 assistiram a espectáculos ou exposições. O mês de Setembro é inteiramente dedicado ao Festival de Teatro da Guarda, mas há cinema, música e exposições de pintura para ver.

Luis Martins

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