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Contas da “Mutualista Covilhanense” continuam por apurar

Associação recorre ao “leasing” para pagar dívidas e aguarda vinda do inspector-geral da Segurança Social

A Associação de Socorros Mútuos “Mutualista Covilhanense” poderá «recorrer» à intervenção da Polícia Judiciária, do Ministério Público ou da Inspecção-Geral das Finanças (IGT) em Setembro caso a inspecção solicitada à Segurança Social para averiguar as contas da instituição «não for correcta ou não obtiver os resultados que esperamos». O aviso parte de Ramiro Reis, presidente da direcção, que pretende clarificar «o mais rápido possível» toda a situação financeira da instituição, estando apenas a aguardar pela vinda do inspector-geral da Segurança Social, nomeado há «quase quatro meses». «Não podemos andar aqui com dúvidas sobre se as contas da instituição estão ou não correctas, se os dinheiros foram ou não bem aplicados pela direcção anterior», adverte o responsável. Na origem das dúvidas encontram-se «subsídios atribuídos pela Segurança Social à instituição, pedidos de financiamento à banca e subsídios solicitados aos utentes para entrarem no lar, e que foram bastantes», explica. Neste último caso, os «donativos» oscilam entre os 400 e os três mil contos, (entre dois mil e 15 mil euros), esclarece Ramiro Reis. «Há aqui muito dinheiro em causa e a situação financeira da associação é muito débil e deficitária. Neste momento, deve à banca 1,1 milhões de euros, cerca de 55 mil euros à empresa construtora e mais 55 mil euros a pequenos fornecedores de géneros alimentícios», alerta o responsável. A juntar a isto, ainda se encontram «facturas passadas a empreiteiros que não realizaram trabalhos» para a associação, bem como «incertezas» sobre alguns fornecimentos feitos. É o caso da compra de quatro computadores, um portátil e duas impressoras, no valor de 40 mil euros. «Parece-nos que não são computadores para o valor em causa», adianta o actual director, ainda para mais quando «todos os técnicos nos dizem que a verba é um pouco exagerada». São situações pouco claras que a inspecção terá de esclarecer. «Uma coisa é aquilo que vemos nos mapas, outra é o que os próprios funcionários no informam. Se existirem irregularidades, alguém vai ter que as assumir. Caso contrário, ficará tudo esclarecido», sustenta Ramiro Reis.

Com uma dívida de 1,3 milhões de euros e os poucos meios de financiamento – as maiores receitas provêm dos subsídios da Segurança Social –, a Associação de Socorros Mútuos “Mutualista Covilhanense” aprovou por unanimidade o recurso ao financiamento através de leasing. Trata-se da «única saída» para pagar à Caixa Geral de Depósitos a maior fatia da dívida (1,1 milhões de euros), contraída pela direcção anterior através de dois empréstimos de 274 mil e 300 mil euros, mais juros, deixando como garantia a hipoteca do Centro Comunitário de Apoio a Idosos. Assim, o lar da “Mutualista Covilhanense” vai passar a pertencer a uma empresa de “leasing” da CGD, estando a instituição obrigada ao pagamento de uma renda mensal de 7,8 mil euros durante 15 anos. No fim desse tempo, a «casa será restituída à associação com o pagamento final de 110 mil euros», esclarece Ramiro Reis. Uma solução que permitirá pagar taxas de juro «mais favoráveis que as praticadas até agora nos empréstimos», além de ser «mais fácil para nós pagarmos uma renda mensal do que estarmos sujeitos a pagarmos todos os meses taxas altíssimas de juros e amortização de capital», justifica.

“O Interior” tentou contactar o anterior presidente da direcção, Carlos Mineiro, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

Liliana Correia

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