Arquivo

Contas a Ajustar

Quebra-Cabeças

A independência de Portugal face à Espanha torna-se periodicamente objecto de discussão. Sempre houve muitos que acharam que a nossa independência nos condenava a um papel subalterno entre as outras nações. Se fossemos espanhóis, seríamos cidadãos de uma das maiores nações europeias, tanto em população como em território. Como estamos, estamos condenados ao destino menor das outras pequenas nações periféricas. Se isto é verdade, como explicar então a inveja que as regiões autónomas de Espanha têm de nós?

É verdade também que de independência, resta muito pouco. A soberania portuguesa assenta no papel e pouco mais. Fronteiras não temos, moeda também não, a nossa ministra das Finanças é uma simples funcionária de Bruxelas, o mais importante da nossa governação é resultado de imposições externas. Para piorar as coisas temos a invasão espanhola ao nosso mercado interno, a compra por estrangeiros, pedaço a pedaço, dos restos do nosso património. A nossa política externa é cada vez mais seguidista e a nossa relevância internacional não passa de uma piedosa e protocolar mentira.

Vamos assumir a coisa de uma vez: ninguém nos respeita, ninguém nos ouve, ninguém precisa de nós. Com o alargamento a 25 a nossa importância vai esbater-se ainda mais e, quando acabar o tempo dos subsídios, agora destinados a outros, vai regressar aquela pobreza endémica, sórdida, portuguesa.

E depois há o futebol. Milhões e milhões de adeptos de todo o mundo conhecem os nossos jogadores. Os outros países temem-nos e respeitam-nos. A França queria evitar Portugal nos quartos de final e a Inglaterra, que também não nos desejava, finge agora ser favorita. A Espanha, eterno verdugo, foi-se embora de rabo entre as pernas. Os grandes clubes europeus acenam com milhões ao Ricardo Carvalho e a outros. É então este o país da mão-de-obra barata?

Foi preciso o futebol para fazer regressar a bandeira nacional à rua, enriquecendo pelo caminho os comerciantes chineses que a puseram no mercado. Mas esta é uma questão menor, que o que interessa é que eliminámos a Espanha, vingando séculos de ofensas, e que temos agora à nossa espera, tremendo de medo, os ingleses – os nossos velhos amigos da onça.

Por: António Ferreira

Sobre o autor

Leave a Reply