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Consumo de água aumenta em tempo de seca

Consumos têm disparado e algumas autarquias viram-se forçadas a recorrer aos inevitáveis cortes de água

Apesar das preocupações inerentes à seca continuarem na ordem do dia, a verdade é que se gasta cada vez mais água no distrito da Guarda. Comparativamente a 2004, o primeiro semestre deste ano registou um aumento de 11 por cento no volume de água fornecido aos municípios. Esta é a conclusão da Águas do Zêzere e Côa, empresa que detém a concessão das águas em doze dos concelhos do distrito da Guarda e ainda em Penamacor, Fundão, Belmonte e Oliveira do Hospital.

Janeiro e Julho são para já os meses de maior consumo na generalidade dos municípios. Por outro lado, todos eles gastaram mais água no mês de Julho deste ano, por comparação com 2004, à excepção de Belmonte, que conseguiu reduzir o consumo em cerca de dois mil metros cúbicos. O mesmo não aconteceu no Sabugal, onde se registou o aumento mais considerável. De uma forma geral, apenas o mês de Abril apresenta valores inferiores aos do ano passado. Feitas as contas, o mês de Julho de 2005 registou um acréscimo de 230 mil metros cúbicos relativamente a igual período do ano passado. Embora, segundo fonte da empresa, a situação «não seja de todo preocupante» no que diz respeito à região, a verdade é que caso a seca se prolongue «a água poderá mesmo faltar». Alguns dos municípios já chegaram mesmo a recorrer aos cortes de água, com o intuito de prevenir situações mais dramáticas. É o caso do concelho de Gouveia, onde a água tem sido cortada há duas semanas, a partir das nove da noite até às sete da manhã na área da cidade. As freguesias de Vila Franca da Serra, Ribamondego, Cativelos e Nespereira têm igualmente sofrido cortes, embora em períodos distintos.

Também em Fornos de Algodres se tem recorreu a esta medida. Desde o início de Agosto que a água foi cortada entre as onze da noite e as seis da manhã. Porém, desde a passada segunda-feira foi necessário alargar o período para as nove e meia da noite. Em Manteigas também têm sido realizados alguns cortes nocturnos, embora de forma pontual. Entretanto, algumas das autarquias do distrito têm aderido à campanha da Águas de Portugal para sensibilizar a população para a necessidade de poupar água. Em Almeida são enviados desdobráveis juntamente com as facturas da água. No entanto, a generalidade das autarquias tem apostado na publicação de editais e algumas vão mesmo mais longe. Em Aguiar da Beira e Almeida é proibido lavar automóveis e regar com água da rede. A rega de espaços públicos passou a ser feita nestes meses de Verão apenas duas vezes por semana, neste último concelho. Por outro lado, e segundo o relatório quinzenal da Comissão para a Seca de 31 de Julho, 44 municípios estão a recorrer a autotanques para o abastecimento de água em algumas localidades.

No distrito da Guarda, nove deles recorreram a esta medida na segunda quinzena de Julho. O baixo nível das albufeiras é outras das preocupações a ter em conta em tempo de seca. A situação mais dramática, segundo fonte das Águas do Zêzere e Côa, vive-se na barragem da Meimoa, cujos níveis têm vindo a descer de forma acentuada. Apostar numa maior «consciencialização» das populações para a poupança de água é, na sua opinião, um ponto fundamental. «Portugal é, apesar de tudo, um país rico em matéria de água e as pessoas não estão preparadas para perceber que os recursos são limitados», defende. Para já, é necessário «travar o consumo exagerado, entender a seca como um problema nacional e, irremediavelmente, esperar que chova», acrescenta.

Rosa Ramos

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