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Consultas para bandas gástricas suspensas no Hospital da Guarda

Serviço de Cirurgia adoptou medida devido ao excesso de pacientes em lista de espera

O serviço de Cirurgia do Hospital Sousa Martins decidiu suspender as consultas para a colocação de bandas gástricas, um método que começou a ser praticado há cerca de dois anos e que tem registado «bons resultados» nos cerca de 60 pacientes já operados. Tendo em conta que há perto de 100 doentes em lista de espera para operar, e que se prevê a realização de 50 cirurgias por ano, a direcção do serviço entendeu que, por enquanto, seria preferível suspender as consultas. Para tentar contrariar este contratempo, a Cirurgia do Hospital da Guarda será brevemente reforçada com a entrada de um novo especialista.

Paulo Correia, director do serviço, explica que, em virtude do Sousa Martins ser dos poucos hospitais distritais a fazer este tipo de intervenção, tem havido uma «grande procura» por parte de pacientes com problemas de obesidade. Assim, os doentes consultados são oriundos de toda a zona Centro, em especial da Beira Interior, sendo que, actualmente, estão «entre 90 a 100 doentes» em lista de espera para a cirurgia. «O que é importante é darmos resposta aos doentes que estão inscritos em lista de espera para operar e que têm um tempo de espera entre 12 a 18 meses», realça. De resto, atendendo a que o serviço conta operar «uma média de 40 a 50 doentes por ano» e que há cerca de 100 inscritos para cirurgias, «já temos doentes para operar em dois anos», contabiliza. «De que me adianta estar a inscrever doentes numa lista de espera quando sei que só os posso operar daqui a três anos», exclama. Realçando que o serviço de Cirurgia não está só vocacionado para este tipo de patologia, que é uma «mais-valia», Paulo Correia diz que ainda não sabe quando pensam retomar as primeiras consultas.

Por isso, caso consigam operar mais doente neste primeiro semestre do que o previsto e «se houver menos cirurgias para fazer noutras patologias», as consultas para a colocação de bandas gástricas poderão ser retomadas. Em relação ao balanço destes dois anos em que foram tratados cerca de 60 pacientes, Paulo Correia assegura que os resultados são «bons». Apesar de só se poder falar em resultados concretos «quando tivermos doentes operados com cinco e 10 anos», a verdade é que os dados do «”follow-up”» com doentes operados há dois anos «acompanham os resultados de outros centros a nível nacional», indica.

Hospital da Guarda vai ter unidade de videocirurgia «a curto prazo»

Para ajudar a tentar combater esta lista de espera, o serviço de Cirurgia será brevemente reforçado com a entrada de um novo especialista com «experiência em cirurgia laparoscópica», que «rapidamente aprende a técnica da banda», garante. Este tipo de cirurgia consiste na «criação dentro do abdómen de um espaço virtual através da insuflação de dióxido de carbono, de maneira a que o cirurgião possa trabalhar através de três ou quatro portas de entrada», explica. Deste modo, «não há lugar para grandes, mas sim pequenas incisões por onde passam os instrumentos cirúrgicos», continua. Algumas das vantagens deste método consistem em oferecer «maior conforto ao doente em termos do pós-operatório», bem como «encurtar os internamentos», o que permite «poupar dinheiro», e possibilita ao paciente retomar a sua actividade de trabalho muito mais rapidamente do que se fosse sujeito a uma cirurgia convencional, garante o clínico.

Por isso, quando houver mais vagas para o serviço, será obrigatório que os novos especialistas contratados tenham experiência em Laparoscopia. O cirurgião considera «útil diferenciarmos os serviços», até porque «pelo facto de estarmos na Beira Interior, não quer dizer que fiquemos atrás de outros hospitais». Tanto que o projecto da direcção da Cirurgia é fazer «evoluir o serviço no sentido da introdução de novas técnicas», reforça. Paulo Correia espera contar a curto prazo com uma unidade de videocirurgia «em que a patologia cirúrgica seja tratada por via laparoscópica», diz. Por outro lado, a Cirurgia está autorizada pelo Conselho de Administração do Sousa Martins a iniciar, «muito em breve», uma nova técnica, a fundoplicatura de Nissen realizada por via laparoscópica para tratamento do refluxo gastro-esofágico.

Ricardo Cordeiro

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