As obras relativas à segunda fase da requalificação das Termas do Cró, no concelho do Sabugal, deverão arrancar em Setembro. A Câmara já escolheu a proposta arquitectónica para a construção do balneário do complexo termal.
A empreitada, cujo prazo de execução é de 15 meses, foi adjudicada à Somague e vai arrancar «assim que o Tribunal de Contas conceda o respectivo visto», adianta Manuel Rito, presidente do município. O balneário, da autoria do arquitecto Manuel Abreu, vai custar à Câmara mais de 4,5 milhões de euros e deverá estar concluído no final de 2009.
A infraestrutura dispõe de três piscinas interiores e terá a vertente de termalismo clássico, com uma capacidade para receber 2.500 aquistas por ano. Além disso, foram ainda equacionadas as vertentes de fisioterapia e uma zona de lazer e bem-estar. A construção do edifício constitui a segunda fase do plano de intervenção que a autarquia tem previsto para o complexo termal encerrado há mais de 30 anos, sendo que, no total, serão investidos 18 milhões de euros. Em 2006 arrancou a primeira fase, que incluiu as obras da ligação rodoviária entre a Estrada Nacional 324 e o complexo termal e a instalação de infraestruturas básicas, num investimento que rondou os 2,5 milhões de euros.
Mas o plano de intervenção global também vai contemplar, numa terceira fase, «e com o recurso a investidores privados», a edificação de um hotel, um complexo de piscinas e uma estalagem/residencial. Residências turísticas, centro de artes tradicionais, casa de chá, clube social, espaços para comércio, complexo de desportos radicais, praia fluvial, zona desportiva e parque infantil são outras das valências previstas. As águas das Termas do Cró são recomendadas para o tratamento de doenças da pele, estômago, intestinos, reumatismo e do aparelho respiratório. As suas qualidades, do ponto de vista médico e hidrológico, foram aferidas nos últimos anos com o funcionamento de um balneário termal, instalado pela autarquia num pavilhão pré-fabricado. As águas do Cró têm como principais características substâncias sulfúricas e sódicas, que são recolhidas a 30 metros de profundidade e com uma temperatura a rondar os 23 graus centígrados. Hidromassagem, jacto, cama de vapores, irrigador nasal, aerossol e pulverizador são as técnicas terapêuticas utilizadas para os tratamentos.
A utilização das águas poderá ser muito antiga, já que a existência de alguns indícios (cerâmicas de construção e moedas) mostram que poderá ter havido alguma ocupação em período romano. Apesar disso a referência mais antiga data de 1726, quando Francisco da Fonseca Henrique, médico de D. João V, comentava os poderes curativos dessa água e da necessidade de aí se criarem instalações apropriadas. A nascente despertou sempre algum interesse na região, principalmente em José Dinis da Fonseca, conhecido juiz desembargador, que tudo fez para melhorar a captação de água, cujas características foram examinadas na Academia Politécnica do Porto. No ano de 1980, a autarquia do Sabugal comprou o local e os imóveis aí existentes para iniciar uma nova era de reabilitação e dinamização do Cró.
Rosa Ramos
