O que parecia certo, um combate autárquico entre José Igreja e Manuel Rodrigues, parece afastado de vez. Manuel Rodrigues fartou-se das indecisões do seu partido e parece disposto a bater com a porta. É pena, que iria certamente ser um bom candidato, mas é de entender a sua decisão. A Câmara da Guarda é um combate muito duro para quem a tenta conquistar ao PS, que por mais asneiras que faça parece definitivamente grudado ao poder no concelho. Por isso, ou há apoio total e sem hesitações logo à partida ou mais vale ficar em casa. Depois, há o factor Passos Coelho. De cada vez que o primeiro ministro aparece na televisão o PSD desce nas sondagens, o mesmo sempre que abre a boca – e não resiste a um microfone. A coisa chegou a um ponto tal que a má gestão autárquica do PS na Guarda acaba por ter em São Bento um bode expiatório de excelência. Por isso, quando Manuel Rodrigues, escolhido pela Concelhia, vê hesitações a seu respeito nos órgãos máximos do seu partido, contra cuja incompetência no governo do país teria de lutar nas autárquicas, não pode fazer outra coisa senão mandar essa gente àquela parte.
Aguarda-se agora com expectativa um nome para encabeçar a lista do PSD, e seja qual for estará fragilizado. Álvaro Amaro? Que mais valia tem um forasteiro para contrapor a Manuel Rodrigues, um filho da terra, ainda por cima injustiçado e a quem não foi dada uma verdadeira oportunidade de mostrar o seu valor? Outro, mas de cá? Vai parecer golpe palaciano. Manuel Rodrigues, apesar de tudo? Só teria sentido mudar de ideias se houvesse um sentido, público e rastejante pedido de desculpas da direcção do partido, e mesmo assim partiria de uma posição muito pior do que aquela em que estava uma semana atrás.
Por: António Ferreira