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Confraria dos Enófilos quer dar força aos vinhos da Beira Interior

Várias figuras públicas, como Pinto Monteiro e Gomes Canotilho, serão entronizadas a 3 de Maio

Fundada a 11 de Maio de 1998, a Confraria dos Enófilos da Beira Interior pretende reanimar a sua actividade, que tem estado praticamente parada nos últimos tempos. Com o intuito de promover e dar maior notoriedade aos vinhos da região, vão ser entronizadas várias figuras públicas no dia 3 de Maio, numa cerimónia agendada para o Fundão. Dar dimensão ao enoturismo e promover o prestígio de outros produtos endógenos da região são outras das ambições dos responsáveis pela Confraria.

Este grupo de enófilos, da zona de influência da Comissão Vitivinícola da Beira Interior, pretende «reanimar as actividades na perspectiva de colocar novamente esta região no quadro vitivinícola nacional», salienta José Almeida Garrett, mordomo-regedor, o equivalente a presidente da direcção. «Estamos a tentar implementar uma organização em termos da Beira Interior, de maneira a que a Confraria possa ser um “motor” organizacional para haver uma rota de vinhos desta região que também tenha em conta a gastronomia, a cultura e o património histórico», adianta. Pretende-se também «motivar novamente as pessoas de que vale a pena apostar na região para a produção de vinhos de qualidade», em que a Beira Interior é «fértil», garante este produtor. Outra das pretensões da Confraria é «dar notoriedade e catapultar» para o conhecimento público a qualidade dos vinhos de uma região que tem uvas com «qualidades fantásticas, que lhe dão características muito específicas» que é necessário «trabalhar e desenvolver».

«Esta é uma região muito vasta com uma heterogeneidade muito grande em termos climáticos e de solos», acrescenta. Sendo a Confraria «um meio» para ajudar a promover os vinhos da Beira Interior, os seus responsáveis convidaram algumas pessoas «notáveis e conhecidas nos meios sociais e políticos», oriundas da Beira Interior, para lhes dar mais notoriedade. Assim, a 3 de Maio, serão entronizados confrades personalidades como Pinto Monteiro (Procurador-Geral da República), Gomes Canotilho (constitucionalista) José Hermano Saraiva (historiador) ou os autarcas Joaquim Morão, António Edmundo, Manuel Frexes, Joaquim Valente e António Ruas. Da lista fazem ainda parte Fernando Paulouro Neves, Luís Baptista Martins e Óscar Mascarenhas. Em suma, um «grupo de notáveis com raízes na Beira Interior, que gostam e sabem apreciar um bom vinho», destaca o mordomo-regedor.

«Os nossos vinhos são tão bons como os de outras regiões, mas, por falta de promoção, são quase sempre esquecidos. Por isso, todo o apoio que pudermos obter das forças vivas da região é sempre importante», assume. Numa região em que, por vezes, parece haver falta de entendimento entre diferentes cooperativas, Almeida Garrett acredita que a Confraria pode ajudar «a congregar os interesses comuns para uma política bem estruturada de exportação». De igual modo, através da Confraria «há sinergias importantes que se podem criar», o que é «fundamental», defende. Neste âmbito, a Confraria poderá ser uma espécie de «motor» que «até poderá aproveitar um certo “show off” em prol da notoriedade dos produtos da região, sem cair numa “feira de vaidades”», assegura. «Pretendemos que o seja no sentido positivo de dar a conhecer as potencialidades e a qualidade dos vinhos da região», até porque este grupo de confrades alimenta a ambição de cativar as pessoas a virem à Beira Interior, um objectivo que «passa por um enoturismo sólido e bem estruturado e a Confraria pode dar uma ajuda muito importante nisso», salienta o mordomo-regedor.

Beira Interior tem mais de 7 mil viticultores

O sector vitivinícola na Beira Interior assume uma importância «muito grande» na região, uma vez que conta com mais de 7 mil viticultores, responsáveis pela produção de 50 milhões de quilos de uvas e 35 milhões de litros de vinho por ano. De resto, há uma apetência «cada vez maior de fazermos as coisas bem, não só em termos de campo, mas também em termos de adega», tendo em conta que as técnicas têm evoluído «no sentido de se produzir um produto final de cada vez maior qualidade», garante José Almeida Garret. Neste sentido, «há condições para os vinhos desta região continuarem a evoluir se houver massa crítica suficiente», salienta. Já António Madalena, mordomo primeiro-assistente da Confraria, frisa que a qualidade «se consegue através da profissionalização em todos os sectores e também investindo em tecnologia». De resto, é certo que a qualidade «está cá. Existe é um grande défice de marketing para ultrapassar a imagem pouco positiva que ainda temos», lamenta o enólogo na Adega Cooperativa do Fundão.

Ricardo Cordeiro

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