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Confraria do Azeite da Cova da Beira vai criar uma Academia

Estrutura surge na sequência do Festival das Tibórnias e pretende promover estudos científicos à volta do azeite

A Confraria do Azeite da Cova da Beira (CACB) pretende criar em breve uma Academia do Azeite, uma estrutura vocacionada para a «promoção de estudos científicos do azeite» nas mais diversas áreas de aplicação, desde a saúde à cosmética, anunciou a “O Interior” Francisco de Almeida Lino, chanceler daquela confraria. A ideia passa por convidar algumas cidades para «encabeçar a academia» de forma a promover esta investigação nas universidades. Para o efeito, a CACB irá criar um «fundo próprio para a Academia» para que os investigadores possam desenvolver um estudo científico do azeite para uma posterior «aplicação industrial», premiando a melhor aplicação.

A criação da Academia do Azeite surge na sequência do primeiro Festival da Tibórnia levado a cabo pela CACB em parceria com a Fundão Turismo no último fim-de-semana e envolveu 14 restaurantes do concelho. A Cereja, as Tílias, Bocage, Cantinho dos Grelhados, Hermínia, Mario’s, o Boguinhas, O Alambique de Ouro, o Beiral, o Mário, o Panças, o Parque, Papo d’Anjo e o Veneluso responderam ao desafio de apresentarem nos seus restaurantes a tibórnia (pedaço de pão embebido em azeite) com a única condição de utilizarem pelo menos duas qualidades diferentes do azeite da Cova da Beira e duas denominações de origem distintas, além da obrigatoriedade de publicitar a origem dos azeites utilizados na confecção. O objectivo era envolver os empresários da restauração para a divulgação da tibórnia – prática tradicional levada a cabo nos lagares – promovendo ao mesmo tempo o azeite da Cova da Beira. «Temos das melhores azeitonas na região para fazermos o melhor azeite e neste momento os nossos lagares estão a produzir um azeite notável», salienta o chanceler da CACB. Para este responsável, o primeiro festival do género em Portugal «correu muito bem», tendo sido já uma proeza ter-se «relançado o léxico tibórnia» há muito perdido no vocabulário actual, sendo que deverá ser incluído na próxima edição do dicionário da Língua Portuguesa. Para além disso, as cartas gastronómicas dos restaurantes ficaram «ainda muito mais enriquecidas», sustenta Francisco de Almeida Lino, uma vez que passam a conter as «tibórnias antigas perfumadas com muitos aromas, dando assim a oportunidade à restauração e aos cozinheiros para inovarem». «É o caso da Tibórnia da Amália, uma iguaria com bacalhau, feijão de manteiga, pão de centeio e azeite apresentada pelo restaurante “O Mário” e que está a ser um sucesso em gastronomia», exemplifica. «A tibórnia é uma arte tradicionalista e quinhentista. Com o passar dos tempos perdeu-se e só alguns lagares faziam as tibórnias: um convívio à volta do azeite. Este festival foi um grande passo para restaurar a tradição e os restaurantes deram-se conta que têm um sucesso nas mãos e que não estavam a aproveitar», sublinha o chanceler.

A par deste festival, a CACB procedeu ainda ao primeiro capítulo da entronização de 25 confrades, estando já o segundo capítulo marcado para 9 de Junho de 2005 onde serão entronizados «mais uma série de confrades provenientes da Covilhã, Belmonte, Penamacor e Fundão».

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