O corte da EN18, entre Aldeia do Bispo e a Benespera, no concelho da Guarda, está a gerar descontentamento nos automobilistas que diariamente usam aquela estrada. É que os condutores são agora obrigados a usar a A23, em troços portajados, ou seguir pela sinuosa EN18-1, o que se traduz em mais custos e viagens mais longas.
Em vigor desde o passado dia 4, a medida decretada pela autarquia visa permitir a realização de trabalhos de consolidação dos taludes afetados pelos incêndios e salvaguardar a segurança dos utentes. Segundo o município, o trânsito está cortado «por um período previsto de três semanas», estimando-se que a estrada possa reabrir antes do Natal. Até lá, centenas de utilizadores desesperam com o transtorno e deitam contas à vida com o custo das portagens e o desgaste dos carros. É o caso de Marco Marques, que viaja todos dias de Belmonte para a Guarda, onde trabalha numa seguradora. «Estou bastante aborrecido com a situação, pois não tenho, nem tive, qualquer responsabilidade pelo sucedido e creio que a obrigação da Câmara era indemnizar as pessoas, pelo menos nos custos com as portagens», considera o utilizador. Na sua opinião, as alternativas existentes «não são viáveis a nível de segurança, distância e desgaste das viaturas». Marco Marques adianta que vai imputar responsabilidades à autarquia para, «pelo menos», ser ressarcido dos custos com as portagens. De resto, revela também que já enviou «diversos emails» com esse propósito para o município, mas «nem se dignaram responder, quando sei que o email foi lido», critica.
O condutor admite que o fecho total da via se justificará em termos de segurança dos automobilistas, mas questiona por que é a intervenção não ocorreu logo após o incêndio. «Já poderia – e ainda bem que não aconteceu – ter acontecido uma tragédia neste tempo que passou», acrescenta Marco Marques. Por sua vez, Jorge Ascensão, que vive na Covilhã e trabalha em Vale de Estrela (Guarda), espera «ansiosamente» pela reabertura da via porque o corte da EN18 obrigou-o a usar diariamente a A23: «As alternativas existentes resumem-se a uma única, a autoestrada, uma vez que as estradas nacionais são bastante sinuosas e algo perigosas devido às fortes geadas neste período do ano», refere o funcionário da Coficab.
No seu caso, revela que é obrigado a gastar todos os dias dois euros «só em portagens», entre os nós da Benespera e Guarda Sul, por causa desta intervenção. «É um custo imediato com o qual não contava e mais dez minutos de percurso, o que se traduz no aumento do consumo de combustível», afirma Jorge Ascensão, que considera a obra necessária dada a «devastação» causada pelos incêndios. Contudo, o condutor só deseja que a Câmara da Guarda «zele pela celeridade na conclusão da obra para que todos os que, como eu, se deslocam nesta via não vejam reduzido o orçamento mensal causado pelas alternativas impostas durante este longo período». Também a concelhia do PCP veio a terreiro responsabilizar o município pelo corte da EN18 «sem acautelar» os custos para os condutores. «Não está em causa a necessidade de obras, mas a forma como a Câmara acautelou a necessária e atempada informação e o providenciar de alternativas», referem os comunistas. Em comunicado, a secção local do partido pergunta mesmo o que fez a autarquia junto do Governo e da PORTVIAS (agora Globalvia) para que o pórtico não seja pago durante o período de intervenção. «Assistimos aos custos dos incêndios, aos custos da introdução de portagens e agora aos custos que obrigam a quem se desloca diariamente na EN18 a pagar uma portagem obrigatoriamente, já que a restante alternativa resulta num desvio enorme em quilómetros», lamenta o PCP, que pede a intervenção «urgente» da Câmara para que este caso não resulte «em mais custos» para os habitantes e atividades económicas da região.
Luis Martins
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