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«Concluímos que a instituição merecia o respeito que lhe é devido e que deveríamos continuar»

Cara a Cara – Albino Bárbara

P- Foi quase “obrigado” a recandidatar-se por não ter aparecido ninguém para se candidatar à direção do Centro Cultural da Guarda. Como vê esta situação?

R – Perfeitamente normal. Realmente estas eleições só agora foram realizadas e em segunda convocatória. Como não apareceu nenhuma lista, e depois de analisados os prós e os contras, depois de termos conversado, direção, assembleia-geral e conselho fiscal, chegou-se à conclusão que a instituição merecia o respeito que lhe é devido e que teríamos e deveríamos continuar. E assim foi. Com a mesma força, o mesmo entusiasmo aqui estamos para chegarmos aos anos 20.

P- Acha que o associativismo está em crise na Guarda?

R – Não. De forma alguma. Se em Portugal existem cerca de 18 mil associações com 3 milhões de associados, onde mais de 250 mil exercem funções diretivas, a Guarda, felizmente, não foge à regra. Neste concelho a história identifica uma forte componente republicana aliada à oposição ao regime fascista, sendo um verdadeiro exemplo de como o associativismo assume uma enorme participação e responsabilidade. Isto não significa que não tenha os seus problemas: falta de novas boas vontades e apoios que teimam em chegar. No momento em que a população se distancia da participação política, é absolutamente necessário envolver todos neste processo de cidadania, pois só o movimento associativo está em plenas condições de o fazer, contribuindo desta forma para o aprofundamento e a sã convivência democrática.

 P- Já vai no quarto mandato, acredita que vai ser o último?

R – Em princípio, sim. Na vida é sempre bom ter por filosofia a máxima lançada no filme protagonizado por Sean Connery, “Nunca digas nunca”.

P- Que projetos conta desenvolver neste triénio?

R – Essencialmente manter e consolidar todas as valências: Coro Infantil e Juvenil; Coro Sénior “Cantar tradição”; Orfeão; Conjunto Rosinha; Rancho Folclórico, apostando também e cada vez mais na formação, na escola de música onde se aprende sopro, cordas, teclas, percussão, e nas escolas de ballet e danças modernas, neste universo onde estão envolvidas cerca de 500 pessoas. Estamos na presença do maior Centro Cultural de toda a zona centro do país. Quanto a projetos, pensamos avançar com o grupo de concertinas “Concertinando” e arrancar a toda a força com a bonita música dos anos sessenta com a banda, 60 – 5 estrelas.

P- Quais são as principais carências do Centro Cultural da Guarda?

R – Neste preciso momento precisávamos de mais espaço e, como se sabe, o dinheiro é sempre pouco. Dou como exemplo: o rancho é indiscutivelmente a valência mais solicitada. No verão chegamos a participar em dez, doze festivais, tanto em Portugal (ilhas incluídas) como em Espanha. Os festivais são normalmente realizados em parceria, não há cachet. Ora, tendo nós a obrigação de comparecer e representar, quer o Centro quer a nossa cidade e região, e se eventualmente já tiver sido esgotado o plafond de quilómetros cedidos pela Câmara da Guarda (500 km/valência), lá estamos nós a pagar o transporte, as portagens e despesa do motorista. Em suma, na maior parte das vezes, pagamos para trabalhar. Com a dimensão do CCG e, como facilmente se compreende, a gestão decididamente tem de ser rigorosa, do tipo tapa os pés destapa a cabeça, tapa a cabeça destapa os pés, onde os objetivos definidos no Plano são cumpridos a mais de 90 por cento. Mesmo assim com persistência, eficiência e eficácia necessárias temos conseguido levar o barco a bom porto. 

P- Em tempos, o Centro Cultural quis lançar o projeto de uma banda filarmónica, como está esse assunto?

R – Esse foi um interessante desafio lançado pelo presidente da Câmara da Guarda aquando do 53º aniversário do CCG. Era um projeto de difícil execução por parte do Centro. Daí contactamos o Conservatório, associações, grupos musicais, chegámos a fazer quatro reuniões para todos percebermos que existia extrema dificuldade em avançar. O projeto não está esquecido. Mas que vai ser muito difícil, lá isso vai.

Perfil:

Presidente da direção do Centro Cultural da Guarda

Idade: sexagenário

Naturalidade: Ex-freguesia da Sé – Guarda

Currículo: Funcionário público; animador cultural; cronista

Livro preferido: Dois: O primeiro “Discurso do Filho da Puta”, de Alberto Pimenta; e “O Homem que confundiu a sua mulher com um chapéu”, de Oliver Sacks.

Filme preferido: “O mundo a seus pés”, de Orson Welles.

Hobbies: Lutar para tentar conseguir trabalho para os meus dois filhos licenciados e com mestrado, para além do salutar convívio gastronómico com os amigos

Albino Bárbara

Sobre o autor

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