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Comerciantes de Trancoso à espera das vésperas de Natal

Empresários ouvidos pelo “Jornal das Empresas” dizem que o negócio já foi melhor nesta quadra, mas esperam faturar mais nos últimos quatro a cinco dias antes do Natal

Poucos comerciantes de Trancoso têm esperança no aumento das vendas neste Natal. Apesar das iniciativas programadas para animar a cidade nesta quadra, os profissionais abordados pelo “Jornal das Empresas” estão pessimistas com o negócio e esperam que os próximos dias façam milagres.

«Isto está cada vez mais parado, não acredito no Natal deste ano», afirma Ana Maria, proprietária da pastelaria “O Trovador”, para quem o negócio está «péssimo». «Esta semana é para esquecer, espero que a próxima melhore», acrescenta, considerando que o problema é haver menos gente. «Deve haver menos dinheiro ou, se há, está mal distribuído. Olhe, no meu bolso não há», ironiza a comerciante, que se diz satisfeita com a animação de Natal, que pode ajudar a dinamizar as ruas comerciais da cidade.

Também Teresa Rebelo confessa ter poucas expetativas comerciais para esta quadra. «Isto está parado, paradinho. Já no ano passado se notou muita quebra, mas o negócio tem vindo a cair de ano para a ano porque não há dinheiro nem pessoas», lamenta a dona da Ourivesaria Rebelo. Igualmente pessimista está Celeste Esteves, da Santiago & Companhia: «Temos sempre boas expetativas, no entanto, o negócio está mau e não está a atingir o que queremos, nem nada que se compare». A responsável também confirma que as vendas estão «muito baixas», apesar de ter clientes fiéis às suas pequenas lembranças. «Esperemos que melhore daqui para a frente, até porque a última semana é sempre melhor porque bom português que se prese guarda-se para o fim. Mas no ano passado o negócio quebrou metade e este ano não estou a ver melhoras, até porque nesta altura já tinha reservas e este ano não há praticamente nada mandado guardar», refere. Além disso, «tivemos falhas de fornecedores que já faliram e foi preciso procurar os produtos em falta noutros sítios, mas não tem sido fácil», justifica. Celeste Esteves acredita que o ambiente natalício proporcionado pela iluminação e animação, assim como o habitual concurso de montras, podem ajudar «um pouco» nas vendas, mas «as pessoas não têm dinheiro e está tanto frio que não saem de casa».

António Mendo, da Foto Arco-íris, também tinha boas expetativas de negócio para esta quadra, mas «está a correr muito mal». «O comércio está mesmo muito parado, fraco mesmo, mas pode ser que tenhamos dias melhores dois ou três dias antes do Natal», refere o empresário, que ainda tem a expetativa de faturar, tal como nos anos anteriores, «mais qualquer coisa nos últimos quatro ou cinco dias». Quanto à animação de natal, o comerciante admite que a iluminação está «simples e bonita», embora já tenha manifestado ao presidente da Câmara o seu desagrado por a sua rua não ter nenhuma iluminação. «Ele disse que nos próximos anos vai pensar nisso», afirma. Para Maria Sarmento, o negócio também está «muito fraquinho», mas estes últimos dias podem animar «um bocadinho» as vendas. A proprietária da Romântica Atelier justifica a situação com a crise e a falta de dinheiro: «As pessoas estão assustadas, nota-se um bocado na sua consciência o facto de ouvirem constantemente a palavra crise e acho que, finalmente, isso se está a notar mesmo aqui», adianta, revelando que as vendas estiveram melhor no ano passado. A empresária gosta do ambiente de Natal proporcionado pela iluminação, mas não acredita que influencie em termos de vendas. De resto, também se queixa que esta seja ligada, «em geral, muito tarde. É noite e nem a iluminação nem a própria luz pública está acesa».

Na Casa da Prisca, Catarina Martins admite que a notoriedade e a qualidade dos produtos desta empresa de produtos tradicionais fazem a diferença nesta época. «As pessoas ainda fazem questão de visitar casas tradicionais porque fazem parte das suas origens, principalmente esta, e porque têm produtos feitos cá, a marca já é conhecida e chama um bocadinho as pessoas», considera. A funcionária afirma que «já se começa a sentir um bocadinho mais a afluência das pessoas» e que o negócio «começa a correr bem», embora reconheça que os clientes são mais contidos. «Estão a comprar um bocadinho menos», declara a jovem, para quem a animação e iluminação de Natal são «sempre positivas» por serem um chamariz. «Quando não há, as pessoas perdem um bocadinho do interesse em sair de casa», considera.

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Ana Maria, 49 anos, Pastelaria O Trovador

«Esta semana é para esquecer, espero que a próxima melhore. Deve haver menos dinheiro ou, se há, está mal repartido».

Teresa Rebelo, 60 anos, Ourivesaria Rebelo

«O negócio tem vindo a cair de ano para a ano porque não há dinheiro nem pessoas».

Celeste Esteves, 52 anos, Santiago e Companhia Secção de Eletrodomésticos

«Esperemos que as vendas melhorem daqui para a frente, até porque a última semana é sempre melhor».

António Mendo, 53 anos, Foto Arco-íris

«O comércio está mesmo muito parado, mas pode ser que, tal como nos anos anteriores, faturemos mais qualquer coisa nos últimos quatro ou cinco dias».

Maria Sarmento, 45 anos, Romântica Atelier

«As pessoas estão assustadas, nota-se um bocado na sua consciência o facto de ouvirem constantemente a palavra crise e acho que, finalmente, isso se está a notar aqui».

Catarina Martins, 27 anos, Casa da Prisca

«Já se começa a sentir um bocadinho mais a afluência das pessoas, mas os clientes estão a comprar um pouco menos».

Iluminação e animação natalícias ajudam a reforçar atratividade do comércio tradicional

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