Apesar do último Natal ter decorrido sob o signo da crise e da contenção, os comerciantes guardenses mostram-se na generalidade satisfeitos e fazem um balanço positivo das vendas, embora sublinhem que esta quadra natalícia foi «mais fraca» relativamente a anos anteriores.
António Lopes, da Casa do Bom Café, na Rua da Torre, lembra que «o pressuposto é que o Natal seja comercialmente uma correção à trajetória do resto do ano em termos de vendas», mas que esse cenário «não foi este ano tão notório como é costume». «Foi um Natal mais pobre que há um ano, sobretudo ao nível do poder de compra», nota este comerciante. António Lopes diz que «até houve mais movimento e passou muita gente», mas destaca que «as pessoas estão mais comedidas» e que «compram pouco e mais barato». «Quem compra fica-se maioritariamente pelos postais e outras recordações da cidade», queixa-se. Ainda assim, António Lopes diz que a época natalícia «foi boa» para o negócio e sublinha que, alguns dias depois desta quadra, «já se nota uma quebra no negócio e já se vê muito menos gente nas ruas».
Na loja Império da Moda, a época natalícia também foi «positiva» para as vendas, embora «não tenha corrido tão bem» como em anos anteriores, diz Delfina Roque, responsável do estabelecimento. Esta comerciante faz um balanço «positivo baixo, mas ainda assim positivo» da quadra natalícia, adiantando que se vendeu «alguma coisa» e que, «pelo menos, deu para animar as vendas, que andavam paradas, e para fazer face a determinadas despesas e compromissos». De igual modo, a responsável da loja Artesanato Junto à Sé, no Largo Doutor Amândio Paúl, dá conta de «uma melhoria nas vendas» relativamente ao resto do ano, mas sublinha que este Natal foi «muito inferior» ao dos anos anteriores. Maria Odete Rodrigues nota também «uma preferência pelo mais barato», mas considera que apesar disso a época foi «positiva», continuando a ser um «grande balão de oxigénio», por ser «uma época para a qual se olha com esperança de vender mais».
Hugo Santos, do Grupo Pinheiro, que congrega seis lojas de pronto-a-vestir no centro da cidade, traça um quadro semelhante. «A época natalícia começou um pouco mais fraca relativamente aos outros anos, pois a conjuntura económica também está mais em baixo», afirma, acrescentando que, nesse sentido, «foi necessário recorrer a algumas promoções de modo a incentivar um pouco a clientela e animar as vendas». Em jeito de balanço, Hugo Santos considera que as vendas foram «semelhantes às do ano passado», situando-se «dentro do esperado». «Houve uma ligeira quebra, mas não tão acentuada como estaríamos à espera», conclui.
Mais otimista é Miguel Frias, da Alquimia do Paladar, na Praça Velha, para quem a época natalícia «correu bastante bem». «Foi um Natal muito simpático para as vendas tendo em conta a conjuntura atual», considera o responsável da loja, acrescentando que «este bom desempenho» resulta do facto de «oferecermos às pessoas aquilo que elas procuram e isso originou uma boa resposta por parte dos nossos clientes». Miguel Frias identifica como produtos mais procurados «a charcutaria, os queijos e os vinhos» e salienta que a sua loja oferece «produtos mais pequenos e a preços mais acessíveis», o que em época de contenção «resultou numa maior procura». O comerciante mostra-se assim «contente» com as vendas naquele que foi apenas o segundo Natal na história da loja. «No ano passado, o Natal foi muito bom porque houve um efeito novidade, mas este ano repetimos os números com outra experiência e uma maior variedade de produtos, afirma Miguel Frias.
Fábio Gomes