Nunca é de mais recordar: em 10 anos tudo mudou no mundo do vinho na região da Beira Interior. Em primeiro lugar, porque emergiram alguns produtores e engarrafadores que vieram agitar a produção de vinho na região; depois, porque a produção e a qualidade existiam mas era preciso qualificá-la.
O Concurso de Vinhos da Beira Interior nasceu há 9 anos no seguimento de uma conversa, entre mim e Pedro Tavares, presidente da direção do Nerga, em que concordámos ser necessário criar algum instrumento competitivo e dinamizador que contribuísse para a promoção dos nossos vinhos. De imediato a associação empresarial pôs mãos à obra e, em parceria com a Comissão Vitivinícola (CVRBI), que também tinha a noção de que era necessário qualificar o produto, implementou-se o projeto, cuja dimensão regional foi alavancada em 2010 com a entrada do Nercab como parceiro da organização.
Passados quase 10 anos, o vinho da região tem mais carácter e qualidade, deixou de ser um produto comum, um vinho corrente, sem capacidade de penetrar nos mercados, para ser um néctar cuidado e apreciado que pode ser servido com os melhores pratos nos melhores restaurantes. O Concurso de Vinhos que há dez ajudei a promover tem sido determinante para dar visibilidade, dimensão, qualificação e glamour aos vinhos da região.
Nestes 10 anos, os produtores e os técnicos compuseram um novo vinho, onde a frescura e a complexidade permitem uma degustação e um saborear cada vez mais apreciado. Atingiram maturidade e o direito a ombrear com os mais prestigiados. Talvez ainda entrando pela porta pequena, mas já com o brilho e o paladar dos grandes vinhos.
Dar um passo rumo à internacionalização passou a ser o novo desafio dos produtores. E, também aí, tive oportunidade de colaborar e ajudar na extraordinária mutação do sector: em 2011, de novo com o Nerga, promovi a receção de 50 prescritores internacionais, jornalistas e importadores, de diferentes países, do Brasil aos EUA, da Holanda à Inglaterra, que vieram conhecer a região e os seus sabores, com resultados que começam a dar frutos. Muito há para fazer, mas o caminho já percorrido é muito mais do que aquilo que foi feito nos tempos anteriores. Nunca como na atualidade os vinhos da Beira Interior tiveram a dinâmica e a vitalidade que conquistaram nos últimos anos.
Este fim-de-semana, em Pinhel, num concelho que tem 25 por cento da produção de vinho da Beira Interior, vai realizar-se uma mostra de vinhos e sabores, um novo desafio: o da capitalidade regional – o da afirmação de Pinhel como Capital dos Vinhos da Beira Interior e o início da alavancagem do desenvolvimento económico através do seu produto mais endógeno, o vinho, com a atração de clientes e provadores à região.
Por: Luís Baptista-Martins