A obra humorística de Millôr Fernandes e Santos Fernando inspirou o ACERT – Trigo Limpo para a peça “Cicatriz ou a Mulher que foi mordida por um leão”, que está em cena sábado à noite no Teatro Cine de Gouveia.
Como não podia deixar de ser, trata-se de uma comédia satírica que resulta de um trabalho conjunto entre o dramaturgo galego Carlos Santiago, o encenador e os atores, sobre o absurdo dos tempos que correm. Uma mulher mordida por um leão exibe a sua cicatriz e é a partir dessa marca, uma espécie de mapa sem coordenadas nem lógica, que se desenrola a ação. Segundo o encenador José Rui Martins, esta criação é «politicamente incorreta, cumprindo a função histórica de um humor que anda no fio da navalha, deixando cicatriz onde remexe para inquietar. Ainda bem que vivemos num mundo sem corrupção, com emprego para todos, sem compadrios nem politiquices que nos fazem estar tão felizes e descansados a ver televisão. Para os poucos que não pertencem a esta multidão, criámos este espetáculo como tratamento apaziguador da sua despropositada cólera». A interpretação é de Raquel Costa, António Rebelo, João Silva e Pedro Sousa.