P – Qual a importância da realização de mais um Encontro Avós e Netos na Guarda?
R – Esta iniciativa começou em 2010, no âmbito do projeto intergeracional “Saltarico”, que este núcleo tinha a decorrer. Desde o início que foi desenvolvida em parceria com o CLDS Guarda + Social, e este ano, além desta organização conjunta, contamos também com a colaboração da Fundação Inatel e do programa Guarda + 65, da autarquia. A realização deste encontro é importante sobretudo para reforçar os laços entre as gerações e promover a solidariedade. Pretende-se também assinalar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, incentivar à participação e ao envolvimento da sociedade civil e ao mesmo tempo sensibilizar para a importância do convívio entre as diferentes gerações.
P – A crise pode contribuir para que aumente o número de idosos em situação problemática ou, pelo contrário, pode levar à aproximação de gerações e famílias?
R – Os idosos são dos grupos mais vulneráveis às situações de pobreza e em contextos de crise, como o que estamos a atravessar, essa vulnerabilidade agrava-se sobretudo devido a medidas de austeridade como o congelamento de pensões ou o corte dos benefícios fiscais. A isto, alia-se o aumento dos custos com a alimentação e saúde, resultando num impacto negativo na vida dos idosos. Contudo, penso que este contexto pode constituir uma oportunidade de aproximação entre gerações e famílias desde que se faça de forma desinteressada, no sentido de cuidar e proteger os idosos mais vulneráveis. Há que ter em atenção possíveis situações em que pode existir algum aproveitamento, com famílias a acolherem idosos apenas para beneficiarem de um rendimento extra, o que pode levar a situações de abuso e negligência. Mas vamos ser positivos e pensar que essa aproximação se fará por via da solidariedade.
P – Há quanto tempo está representada e como surgiu na Guarda a Rede Europeia Anti-Pobreza?
R – A EAPN (European Anti-Poverty Network) existe há mais de 20 anos em Portugal e foi reconhecida em 2010 pela Assembleia da República com o Prémio dos Direitos Humanos. Na Guarda, surgiu em finais de 2003, em simultâneo com as delegações de Castelo Branco e Santarém, através de um processo faseado de territorialização que levou à criação de núcleos em todos os distritos de Portugal Continental.
P – Qual o seu raio de ação?
R – A missão da EAPN passa por contribuir para a criação de uma sociedade mais justa e solidária, em que todos sejam responsáveis na garantia do acesso dos cidadãos a uma vida digna, baseada no respeito pelos direitos humanos e no exercício pleno de uma cidadania informada, participada e inclusiva. Esta missão é concretizada através da dinamização de uma rede de instituições, grupos e pessoas que trabalham no terreno, no combate à pobreza.
P – Em que outras atividades está envolvido este organismo?
R – A EAPN realiza workshops, seminários e mesas redondas para promover a troca de ideias e experiências e capacitar as instituições e os seus técnicos para uma intervenção mais eficaz e adaptada às necessidades sociais locais. Organizamos também ações de investigação, grupos de trabalho e ainda ações de informação específicas e qualificadas na área social. Além disso, tentamos mobilizar outros setores da sociedade civil para a luta contra a pobreza e exclusão, no sentido de ser uma missão diária levada a cabo por todos. Destaco aqui as escolas, porque queremos envolver os mais novos nesta questão. A nível local, estamos envolvidos em todas as estruturas que visem o combate à pobreza, defendendo a nossa missão e envolvendo-nos diretamente com as instituições e as entidades públicas. A nível nacional, estamos representados em estruturas de importante impacto junto das entidades decisoras. Por outro lado, assumimos este ano e até 2015 a presidência da rede, o que permitirá uma melhor exposição das preocupações nacionais e uma melhor representação dos públicos mais vulneráveis, influenciando assim de forma positiva as decisões do organismo a nível europeu.