Uma idosa de 76 anos, natural do concelho de Pinhel, foi a primeira paciente do Hospital Sousa Martins, na Guarda, a quem a equipa liderada pelo médico cardiologista Francisco Luís colocou, na última quinta-feira, um “pace-maker” definitivo, um aparelho que permite uma vida absolutamente normal a pessoas que sofram de falhas nos batimentos cardíacos. A partir de agora, o hospital guardense passa a ter condições para efectuar regularmente este tipo de cirurgia, colmatando uma lacuna existente na Beira Interior, e está aberto a receber doentes, não só do distrito, mas também do Centro Hospitalar Cova da Beira, na Covilhã, e do Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco.
José Cunha, director clínico do Hospital da Guarda, diz que a data 21 de Agosto de 2003 é, pelo «resultado tão positivo quer a nível técnico, quer humano, mais um dos grandes dias a juntar à história» da instituição, tal como havia sido no mês passado a entrada em funcionamento dos equipamentos de TAC (Tomografia Axial Computorizada) e de mamografia. Os benefícios do Sousa Martins passar a efectuar a instalação de “pace-makers” definitivos são vários. Assim, a vantagem técnica tem a ver com o Hospital da Guarda passar a ter «capacidade de colocar» aquele tipo de aparelho por intermédio dos «próprios médicos do serviço», que até aqui tinham que solicitar a colegas de outras instituições a colocação desse equipamento, explica Cunha. Já no que toca à parte humana, «algo que se deve sempre procurar é que um doente não “baile” por muitos médicos», sublinha, e quando tal for estritamente necessário, «que haja um acompanhamento sempre preferencial do próprio médico até ao último acto médico-terapêutico em causa», reforça. Desta forma, o paciente «sente-se continuadamente acompanhado e tratado pela mesma equipa, o que lhe confere uma noção de segurança mais elevada», fazendo com que a relação médico especialista-paciente esteja «de longe» garantida e com uma «qualidade soberana», assegura o director clínico. De agora em diante, «está tudo pronto» para a instalação definitiva de “pace-makers” passar a fazer-se de uma forma regular: «Quisemos lenta, mas consolidadamente iniciar. Agora todos os casos que o nosso serviço de Cardiologia precisar serão colocados aqui», diz Cunha. Além do mais, o Hospital da Guarda está disponível para responder a solicitações dos outros hospitais da rede da Beira Interior, desde que estes sintam a «conveniência» de o fazerem. Neste momento, não existe qualquer lista de espera, porque à medida que os doentes necessitados deste tipo de terapêutica foram surgindo, a Cardiologia do Sousa Martins foi solicitando a colocação dos “pace-makers” a hospitais de fora da região. José Cunha diz que este é um «novo ciclo de trabalho», realçando que a média de cerca de 70 doentes da região da Guarda atendidos por ano noutros hospitais tem tendência a subir.
A entrada em funcionamento deste serviço tinha-se tornado «premente» dado o «considerável» aumento de doentes a justificarem este tipo de terapêutica, afirmou António Vaz Gamboa, ex-director do serviço de Cardiologia do Sousa Martins, em Abril último, quando “O Interior” avançou em primeira mão que o Hospital da Guarda ia passar a fazer a instalação de “pace-makers” definitivos. Em 2001, cerca de 50 pacientes foram enviados da Guarda para os Hospitais de Viseu, da Universidade de Coimbra e dos Covões, para lhes ser instalado um “pace-maker”. Em 2002 esse número subiu para 70, enquanto que nos primeiros meses deste ano já foram transferidos alguns. O “pace-maker” é um “marca-passo”, mais conhecido por pilha, instalado por debaixo da clavícula, que se destina a solucionar patologias caracterizadas por falhas nos batimentos cardíacos.
Ricardo Cordeiro