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Coisas…

Já não é segredo para ninguém a dificuldade e o embaraço com que os socialistas da Guarda se estão a confrontar na escolha dos novos responsáveis do hospital. O problema agora não parece ser já o de arranjar uma forma de se verem livres dos que lá estão, mas sim o de encontrar alguém para o cargo de director. Mais de 3 meses depois das eleições, sucedem-se os contactos, as reuniões, as pressões, os pedidos de ajuda, os embaraços, os jogos de influência e os telefonemas, sem se chegar a lado nenhum.

Os responsáveis do partido socialista sabiam já, há muito mais de 3 meses, que iriam ter o poder; a única dúvida que transportavam era a tal da maioria absoluta que ficou esclarecida na noite das eleições. Agora, com o Verão à porta, continuam sem saber o que fazer com o dossier hospital o que indicia uma impreparação para o exercício do tal poder a que se candidataram com tanta retórica.

Aparentemente, quem tem em mãos a tarefa de decidir confronta-se com um emaranhado de problemas, o menor dos quais não será com certeza a luta pelo poder e pelo tacho dentro do próprio partido; por outro lado, quem conhece os assuntos não tem capacidade de decisão e quem a tem não conhece o assunto. Uma trapalhada de todo o tamanho.

A tentação de colocar na direcção do hospital um qualquer pára-quedista do partido como forma de pagamento de favores eleitorais, sofre do mal crónico destas coisas: a pessoa, por mais bem intencionada que seja, vai mergulhar num desconhecido que envolve questões tão complexas como a carência de recursos humanos em véspera de férias grandes, a remodelação das instalações (o tal plano director) ou os bicudíssimos casos da maternidade, pediatria ou radiologia. Acresce a isto o pequeno detalhe que é o da enorme dificuldade em encontrar quem esteja disposto a ocupar o cargo de director clínico, sucedendo ao actual que tão “boa” conta do recado deu.

A outra solução, a de convidar alguém de dentro do hospital que conheça as coisas e tenha a sensibilidade necessária para resolver os problemas, enferma do facto de não pertencer ao partido e, como tal, fugir às inevitáveis pressões partidárias; como trunfo, esta personagem transportaria consigo a possibilidade de nomeação de um director clínico de confiança o que, valha a verdade, não é tão pouco como isso.

Seja qual for a solução encontrada, peca já por tardia e o tempo perdido é irrecuperável.

Com o Verão à porta, os quadros médicos à míngua, uma remodelação por fazer (ainda estou para ver como) e a Covilhã e Viseu a olhar para nós como um lobo para uma ovelha, não invejo a tarefa dos escolhidos. Compreendem-se agora melhor as razões pelas quais alguns médicos socialistas e “conselheiros” fogem a sete pés de cada vez que sentem o convite bater-lhes à porta. Influenciar e intrigar, sim. Dar o coiro pelo hospital, pelo partido ou pelo país… está quieto!

PS: Estas linhas foram escritas no final do fim-de-semana pelo que correm o risco de se encontrarem desactualizadas à hora da publicação; queira Deus Nosso Senhor que sim.

Por: António Matos Godinho

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