No início desta semana, a Universidade de Coimbra foi considerada Património da Humanidade. Tendo nascido e crescido em Coimbra, nunca fui aluno da universidade agora reconhecida pela Unesco. A minha alma mater, casa adoptiva desde 1990, é a Universidade da Beira Interior (pelo contrário, 23 anos depois a Covilhã nunca chegou a ser a minha cidade adoptiva).
Merecem os parabéns a Universidade de Coimbra e todos aqueles que por lá passaram. Para mim, a instituição não passava de uns edifícios velhos com uma biblioteca poeirenta banhada a ouro.
Em dezoito anos vividos em Coimbra, a única coisa que a Universidade me proporcionou foi o meu primeiro curso de Verão, na Faculdade de Ciências. Bem, e por causa das regras da altura, tive de realizar o exame de acesso à universidade na Faculdade de Letras. E é tudo. Só uma palestra, que me mudou a vida, dada por Miguel Esteves Cardoso na mesma Faculdade de Letras e algumas tardes de leitura e passeio no Jardim Botânico. De resto, nada ganhei em ter crescido na designada cidade dos estudantes.
O que me deu tantos séculos de cultura da instituição? Para lá de ter começado a minha curta carreira de radialista na Rádio Universidade de Coimbra, ou de ter visto a minha primeira peça de Shakespeare (“Sonho de uma Noite de Verão” com Kenneth Branagh e Emma Thompson) no Teatro Académico Gil Vicente, de ter assistido aos meus primeiros concertos na Queima das Fitas e de ter aprendido literatura em tertúlias dos cafés estudantis, a Universidade não me trouxe nada.
Mesmo em termos de desporto, coisa em que sou comprovadamente um cepo, nada obtive com a associação de estudantes mais famosa do país. A única coisa a referir é ter sido fraco atleta e mau jogador de andebol pelas equipas juvenis da Associação Académica de Coimbra. Tirando o facto de ter sido no Estádio Universitário que pratiquei todo o desporto da minha vida (aulas de Educação Física incluídas) e de ter visto o Sporting ao vivo pela primeira vez num jogo contra a Académica, o que me acrescentou tal agremiação?
Pode ser Património da Humanidade, sim senhores, mas a Universidade não acrescentou nada à minha vida.
PS: E o filme dos Monty Python, “A Vida de Brian”, também não.
Por: Nuno Amaral Jerónimo
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