Esta semana o governo decidiu legislar para impedir as pessoas de ter animais exóticos ou perigosos e proibiu também esses animais de se reproduzirem em cativeiro. No entanto, a lei é flexível e continua a permitir que as pessoas mantenham animais como cavalos, tartarugas e piolhos. A proibição também não se estende ao grupo dos porcinos, já que o único porco exótico é aquele que muita gente já viu andar de bicicleta – e que levou metade da população portuguesa a dizer que já acredita em tudo. Sendo assim, o porco ciclista, em princípio, não se pode reproduzir. E é muito bem feito, que é para não ter a mania de andar por aí a dar nas vistas.
Se alguém tiver ursos panda em casa, pode ficar descansado, porque é um bicho que não gosta de reproduzir em cativeiro. Mesmo em habitat natural também não é a sua actividade preferida. Como diria Maria Filomena Mónica, é um animal que não aparenta grande “disponibilidade para a foda”. (Cf. Observatório de Ornitorrincos de 8 de Outubro 2009)
Preocupadas estão as gentes do circo, nomeadamente os tratadores e domadores de animais. Se já é difícil ensinar um elefante a caminhar em cima de uma bola ou um tigre fazer malabarismos, imagine-se os meses que vão ser necessários para treinar um leão a praticar sexo seguro. Os intitulados defensores dos direitos dos animais sugerem outra solução: a separação dos sexos. Machos num lado, fêmeas no outro. Curiosamente, o mesmo governo que não teve coragem para propor o casamento entre pessoas do mesmo sexo quer obrigar os animais a abandonar a heterossexualidade. Para animais exóticos domésticos ou em cativeiro as únicas opções disponíveis são a abstinência ou a homossexualidade. É como obrigar alguém a escolher entre a Associação Arco-Íris e a Igreja Católica.
Desconheço se a nova legislação impede os cidadãos de adquirir novas espécies venenosas, mas talvez fosse prudente especificar devidamente se um homem pode levar para casa animais deste tipo, como por exemplo: cobras, serpentes, sogras.
Esta sábia legislação promove o bem-estar dos animais através da extinção. Quem sabe se na próxima legislatura o Partido Socialista não dá mais um passo no caminho de uma Nova Humanidade e proíbe a reprodução de pessoas exóticas, como eleitores do PSD, e seres humanos em cativeiro, como os militantes do PCP, para evitar chatices no futuro. Espero é que o governo se contente em acabar com os animais do circo e não queira extinguir os palhaços. Ou pelo menos que me deixe chegar em paz ao fim da minha vida.
Por: Nuno Amaral Jerónimo